Na Colômbia, valeu a fé. E a perceptibilidade | Blog Entre as Canetas
Comentei na última terça-feira o duelo de volta pelas quartas da Sul-Americana, para o Sportv, ao lado do querido Paulo Stein, clássico colombiano entre Santa Fé e Deportivo Cáli. O empate, com gols, na ida, em Bogotá, dava para muitos um nepotismo ao Cáli. Eu mesmo achava que o Santa Fé não fazia uma temporada que pudesse dar muito ânimo ao seu torcedor. Mas à fé que carrega no nome, o time uniu perceptibilidade e a estratégia de seu técnico, o uruguaio Guillermo Sanguinetti. Explorou o ponto fraco do rival de maneira intensa no início do jogo, conseguiu a vantagem e conseguiu segurá-la. E ficou com a vaga de maneira indiscutível.
Qual é o ponto poderoso do Cáli? Jogo do meio para a frente, de preferência com espaço para a velocidade de Mosquera e Magro, e principalmente para a geração de Benedetti. E o ponto franco? O sistema defensivo. O que fez primeiro o Santa Fé? Surpreendeu o rival e, mesmo fora de lar, empurra o Cáli para trás, ataque e força o erro da resguardo. Aos 15 minutos, Rodriguez se lançou por trás dos zagueiros – em quesito legítimo – e recebeu um passe espetacular de Perlaza. O goleiro Vargas sai no desespero e faz o pênalti – convertido por Morello.
Esse “simples” gol colocou enorme pressão no Cáli. Matou a pequena vantagem que o anfitrião tinha. Empate, ali, só servia o 1 a 1 – e para ir aos pênaltis. Pior aconteceu um minuto depois. Balanta foi pressionado na intermediária e atravessou a esfera na nivelado, tentando descobrir Rosero. O uruguaio Guastavino, melhor jogador tecnicamente entre os 22, percebeu, antecipou-se, pegou a esfera e deu um tapa na frente (roupa vasqueiro num meia não velocista) e, diante de Vargas, em vez de fazer o normal (dar uma cavadinha e enconbri-lo), ajeitou o corpo e a passada para sua direita e bateu de trivela: 2 a 0 com 16 minutos.
O Cali, logo, viu-se obrigado a virar o jogo. Mas virar porquê? Benedetti vigiado sempre por Perlaza e mais um. Os atacantes de lado sem espaço – Mosquera e Magro sempre recebendo de costas e tendo de se virar contra dois, fungando no cangote. Ou seja, impossível.
No segundo tempo, as coisas não mudavam muito, e o relógio, evidente, jogando em prol do Santa Fé. A situação do Cali ameaçou mudar pouco depois da ingresso de Macnelly Torres. Um dos pilares do título da Libertadores 2016, pelo Atlético Pátrio, Torres não está em condições físicas de atuar 90 minutos. Mas ainda é um meia dissemelhante. Aos 27, foi buscar a esfera na risca divisória e achou Benedetti penetrando. Foi realmente a única vez no jogo inteiro que o pensador do Cáli, ficou livre – no caso, no mano a mano com Henao. Puxou com a direita para o pé esquerdo e bateu firme: 1 a 2.
Mas a tarefa era grande demais para um time somente mediano. O Santa Fé tomou um sufoquinho, mas teve nervos e paciência para esperar o sibilo final. Ganhou a vaga e ganhou moral também para mais um duelo colombiano na semi – contra um Júnior Barraquilla que também se garantiu sabe Deus porquê contra o Defensa y Justicia.
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