Sono: Dormir pouco ou dormir muito? Ambos fazem mal para memória, fluidez verbal e cognição
- Author, Tamiris Rezende*
- Role, The Conversation Brasil**
Em nossas pesquisas, investigamos a associação entre distúrbios do sono e desempenho cognitivo de adultos e idosos.
E os resultados sugerem que tanto dormir pouco quanto dormir muito são prejudiciais para funções cognitivas uma vez que memória, fluidez verbal, funcionamento executivo, além da cognição global.
Sono prejudicado
O ritmo depressa e globalizado da sociedade atual pode implicar em mudanças comportamentais e sociais que acabam afetando o sono. A procura desenfreada por tempo acelera o ritmo de vida implicando em mudanças em várias dimensões do cotidiano, inclusive na disponibilidade para dormir.
Essa aceleração social pode ser impulsionada por diversos fatores, uma vez que avanços tecnológicos, globalização, mudanças culturais e subjetivas. E isso implica na uniforme procura por fazer cada vez mais atividades em menos tempo, sugerindo um traço constitutivo da modernização. Com isso, as pessoas adotam estilos de vida mais agitados, com atividades laborais mais prolongadas, além de conectividade permanente.
Essas características da atual vida social podem gerar dificuldades para se desligar ou relaxar, que afetam negativamente o sono. Em decorrência, queixas relacionadas às alterações do sono, uma vez que duração e insônia, têm sido cada vez mais comuns na população adulta.
Pesquisa de base populacional recente demonstrou subida prevalência de insônia (45,9% a 58,6%) entre brasileiros com 50 anos ou mais. Outro estudo aponta tendência de sono pequeno (6h ou menos) entre aqueles com idade entre 40 e 59 anos e, sono longo (9h ou mais) naqueles com 60 anos ou mais.
E isso pode ser um problema, já que o sono pode beneficiar habilidades cognitivas importantes uma vez que a memória, atuando em sua consolidação, além da saúde mental. Mas alterações no sono, uma vez que mudanças na duração e qualidade, podem prejudicar o desempenho cognitivo em habilidades uma vez que a função executiva, fluência verbal, memória, muito uma vez que associar-se ao declínio cognitivo.
Por desempenho cognitivo, entendem-se diferentes domínios ou habilidades cognitivas, uma vez que a memória, linguagem, atenção, concentração, etc. Essas habilidades funcionam de maneira hierárquica e dependente entre si. Nessa lógica, o desempenho cognitivo permite ao quidam gerenciar suas experiências, adaptar-se ao meio e solucionar problemas mediante as diferentes demandas do cotidiano.
Sono e envelhecimento
Com o aumento da expectativa de vida, o envelhecimento tem se tornado tema medial no cotidiano de todo o mundo. Com isso, as preocupações ao volta das doenças neurodegenerativas estão cada vez mais frequentes nos debates de saúde pública e na população em universal. Isso porque essas doenças estão relacionadas ao aumento da incapacidade e submissão, além de mortalidade.
Com depressa processo de envelhecimento populacional, em 2017 o Brasil contava com 30,2 milhões de idosos com 60 anos ou mais. Em 2022 esse número saltou para 32,1 milhões, o equivalente a 15,6% de sua população totalidade. Assim, o envelhecimento populacional é uma preocupação uniforme, principalmente, por estar relacionado com o aumento das doenças crônicas em universal, com destaque para o declínio cognitivo, a demência e a incapacidade física.
Nesse contexto, destacam-se os estudos que se interessam por fatores associados e potencialmente modificáveis uma vez que os socioeconômicos, comportamentais e de saúde. Entre esses fatores está o sono, que tem sido relacionado com o desempenho cognitivo.
Tanto o sono quanto o desempenho cognitivo podem suportar prejuízos com o processo de envelhecimento, caracterizados pela subtracção da duração e eficiência do sono, muito uma vez que a subtracção do desempenho cognitivo que faz secção do envelhecimento normal. Nesse sentido, pergunta-se se os possíveis efeitos prejudiciais do sono sobre o desempenho cognitivo podem variar entre adultos e idosos.
Nosso estudo
O objetivo da nossa pesquisa foi investigar a associação isolada e combinada entre distúrbios do sono (duração do sono, sintomas de insônia nas últimas 30 noites e cansaço diurno) e desempenho cognitivo de adultos e idosos em testes cognitivos.
Para isso, foi realizada estudo transversal dos dados da visitante 2 (2012–2014) do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), isto significa que os dados incluídos foram avaliados naquele único e determinado momento.
O ELSA-Brasil é uma coorte de servidores públicos ativos e aposentados de seis capitais brasileiras: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Prazenteiro, Salvador e Vitória, que contou, no início do estudo, em 2008, com 15.105 participantes voluntários.
Foram incluídos um totalidade de 7.248 participantes, entre 55 e 79 anos, com média etária de 62,7 anos, sendo 55,2% mulheres. Associações em forma de U virado foram observadas entre duração do sono e desempenho em todas as habilidades cognitivas, ou seja, durações menores ou maiores que sete horas estão associadas ao pior desempenho, independentemente da idade.
Ou por outra, o relato de insônia foi associado à pior função executiva, sendo a força das associações maiores para indivíduos com insônia em dois ou mais momentos ou, principalmente, insônia combinada com sono pequeno. Insônia em dois ou mais momentos também foi associada à menor memória e cognição global.
Esses resultados — que sugerem que durações maiores ou menores que muro de sete horas do sono foram prejudiciais para todas as funções cognitivas investigadas — foram semelhantes tanto para adultos de meia idade quanto para idosos, embora as pontuações dos resultados tenham sido menores para idosos em verificação aos adultos. Ou por outra, a insônia pareceu afetar mais fortemente a função executiva, mas também prejudicou a memória e a cognição global.
Estudos uma vez que o nosso, que visam investigar fatores potencialmente modificáveis para o declínio cognitivo (uma vez que é o caso do sono), podem gerar evidências e contribuir para subsidiar intervenções em saúde que objetivem protelar o início do declínio cognitivo e promover o envelhecimento saudável.
*Tamiris Rezende é doutora em Saúde Pública pela Universidade Federalista de Minas Gerais (UFMG).
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