Resultados das eleições municipais 2024: os grandes vencedores do primeiro vez
- Author, Leandro Prazeres, Leandro Machado e Luiz Fernando Toledo
- Role, Da BBC News em Brasília, São Paulo e Londres
O primeiro vez das eleições municipais chegou ao término neste domingo (6) consolidando os principais vitoriosos nesta disputa.
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que entre os grandes vencedores destas eleições estão: Gilberto Kassab e o PSD, partido que obteve o maior número de prefeituras e desbancou o MDB; e o Centrão e a direita e centro-direita, que juntos, vão comandar a maior secção das prefeituras do Brasil.
Por outro lado, os números e os especialistas apontam que, diante de um cenário multíplice, outros atores importantes tiveram bons resultados, mas “com ressalvas”, com alguns só selando sua sorte definitiva no segundo vez. Entre eles está o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Entre os grandes derrotados destas eleições estão, de negócio com os analistas: o PSDB, partido que já ocupou a presidência do país por duas vezes e que tinha uma virtual supremacia sobre a política de São Paulo – e não elegeu nenhum vereador na capital paulista; e o PDT e o clã da família de Ciro Gomes no Ceará.
Mas até entre os derrotados também há ressalvas: Pablo Marçal (PRTB) não passou ao segundo vez da capital paulista, mas ficou a uma intervalo mínima dos finalistas e se consagrou uma vez que um dos fenômenos da eleição.
Confira inferior a estudo detalhada:
Centrão e direita avançam no Brasil
O resultado do primeiro vez das eleições municipais materializou um cenário que era esboçado pelas principais pesquisas de intenção de voto há algumas semanas: um desenvolvimento significativo no número de prefeituras que serão comandadas por legendas do chamado Centrão ou de direita ou centro-direita a partir de 2025.
O Centrão é o nome oferecido a um grupo de partidos, normalmente de centro-direita ou de direita, que orbita em torno da Presidência da República em troca de participação no governo.
Em 2020, as cinco maiores legendas do Centrão e da direita tinham 3.223 prefeituras em todo o país. Foi o equivalente a 55% de todas as cidades do país. Neste ano, esse número chegou a 3.613, um desenvolvimento de 12% em relação a quatro anos detrás e e que representa 64% de todos os municípios do país.
A centro-esquerda só aparece com o PSB, o sétimo partido desta lista, que ficou avante de PSDB e do PT.
O Centrão e a direita e centro-direita tiveram vitórias importantes em capitais, uma vez que Aracaju e Campo Grande. Em Salvador, por exemplo, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) se reelegeu em primeiro vez, com 78% dos votos.
Em Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) também foi reeleito, com 56%.
Um dos principais pontos abordados pelos especialistas ouvidos pela BBC News Brasil é o de que a ampliação no número de prefeituras conquistadas pela direita no país é resultado de uma série de fatores e não pode ser, necessariamente, atribuído a uma suposta vitória do bolsonarismo, ainda que Jair Bolsonaro se mantenha uma vez que o principal nome deste campo político no Brasil.
O doutor em Ciência Política e diretor do Ipespe Analítica, Vinícius Alves, disse à BBC News Brasil que, historicamente, as legendas de direita levam mais vantagem que as da esquerda em eleições municipais.
Um dos motivos, segundo ele, é o maior número de partidos de direita no Brasil em confrontação com as rivais à esquerda.
“Há um envolvente com maior oferta de candidatos de legendas à direita. Isso tem influência no resultado”, disse o profissional.
Um levantamento feito pela reportagem mostra que dos 29 partidos registrados atualmente junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), somente nove são de esquerda ou de centro-esquerda: PT, PDT, PSB, PCdoB, PCB, PSTU, UP, PSOL e PCO. Os demais ou são de direita, centro-direita ou não se manifestam sobre isso em seus estatutos.
Para o pesquisador de dados e CEO da empresa de estudo dados AP Exata Sérgio Denicoli, as eleições deste ano trouxeram uma “consolidação” da direita no Brasil.
“Eu diria que houve uma consolidação de um espaço político que é o espaço da direita. Antes, havia um visível receio em candidatos se assumirem uma vez que de direita. Hoje, não há mais essa preocupação […] E uma vez que o Brasil é um país muito conservador, os membros das antigas elites políticas do país usaram suas antenas para captar esse sentimento”, disse à BBC News Brasil.
Gilberto Kassab e o PSD: partido chega ao topo
O PSD, liderado pelo ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), é o partido que vai comandar mais prefeituras em todo o país. A {sigla} criada por Kassab venceu em 888 cidades do Brasil.
É a primeira vez que um partido fica a frente do MDB em número de prefeituras desde a redemocratização do Brasil, em 1985. Neste pleito, o MDB elegeu 861 mandatários.
Em 2020, o PSD elegeu 657 prefeitos, mas, nos últimos anos, o partido ganhou mais de 300 prefeitos com trocas de filiação.
Uma das vitórias mais importantes do PSD ocorreu no Rio de Janeiro, com a reeleição do prefeito Eduardo Paes, que se filiou ao partido de Kassab em 2021. Paes teve 60% dos votos válidos.
Ex-prefeito de São Paulo, Kassab hoje ocupa o função de secretário de Governo e Relações Institucionais do governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), de oposição ao governo Lula.
Mas o PSD de Kassab também está no governo de presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comandando três ministérios: o de Minas e Robustez, o da Lavradio e o da Pesca.
O bom desempenho do PSD nas eleições municipais deixa o partido bem-posicionado para tentar mais espaço no governo Lula, um uma provável reforma ministerial, avalia Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria. Ele também avalia que a legenda também se cacifa para as articulações políticas das eleições de 2026 (leia mais cá).
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que Bolsonaro demonstrou força política no primeiro vez destas eleições municipais, embora o resultado universal das eleições aponte que sua liderança inconteste sobre a direita pode estar em xeque.
O PL, partido ao qual Bolsonaro está filiado, conseguiu aumentar em 52% o número de prefeituras conquistadas no primeiro vez, saindo de 344 em 2020 para 523 em 2024.
Apesar do desenvolvimento, o número está muito inferior das 1,5 milénio prefeituras estabelecidas uma vez que meta pelo presidente pátrio da legenda, Valdemar da Costa Neto.
Aliás, candidatos a prefeito com o espeque de Bolsonaro ou com imagem ligada ao ex-presidente, uma vez que Bruno Engler (PL), em Belo Horizonte, Cristina Graeml (PMB) em Curitiba, e André Fernandes (PL) em Fortaleza e Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, irão disputar o segundo vez com chances reais de vitória.
Para o pesquisador de dados e CEO da AP Exata, Sérgio Denícoli, Bolsonaro cometeu erros ao longo da campanha eleitoral deste ano, mas conseguiu se manter relevante no cenário político atual.
“A guia do Marçal consolida Bolsonaro uma vez que uma liderança da direita. O Bolsonaro colocou o freio de processo e mandou recados para seus correligionários e conseguiu se manter uma vez que uma liderança da direita”, disse à BBC News Brasil.
Carolina de Paula, doutora em Ciência Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenadora do projeto Monitor do Debate Público, disse estimar que houve uma separação entre a direita e o bolsonarismo nas eleições deste ano.
“Bolsonaro teve um papel importante na consolidação da direita no Brasil, mas, ao mesmo tempo, o seu espeque se mostrou tóxico em alguns casos. Inclusive, houve candidatos de direita que não se declararam bolsonaristas com todas as forças por receio de perder o sufragista de meio”, destacou Carolina de Paula.
Carolina cita uma vez que exemplo uma pesquisa do Datafolha em São Paulo revelou que 63% dos eleitores não votariam em um candidato bem por Bolsonaro, ilustrando essa resistência.
Apesar desse distanciamento, segundo ela, o bolsonarismo ainda seria uma força significativa na direita.
Tarcísio de Freitas: aposta deu resultado
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), viu sua principal aposta eleitoral render frutos no primeiro vez. Seu candidato na capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), chegou ao segundo vez uma vez que o candidato mais muito votado nessa primeira lanço, ainda que por uma diferença diminuta.
Tarcísio foi o principal fiador da candidatura de Nunes, e o acompanhou durante a votação neste domingo. Nunes agradeceu ao “companheiro” Tarcísio.
Foi o governador, que tem pretensão de disputar a Presidência em 2026, quem costurou o espeque de Jair Bolsonaro ao atual prefeito, mesmo que o ex-presidente não tenha se hipotecado na campanha uma vez que a coligação esperava.
Bolsonaro não apareceu em eventos nem chegou a gravar para o horário eleitoral de Nunes, ao contrário de Tarcísio, sempre presente no horário eleitoral e em eventos da campanha.
Embora secção do bolsonarismo tenha aderido à candidatura de Pablo Marçal (PRTB), Tarcísio se manteve leal a Nunes. “Eu preciso de um rostro que não lacra, trabalha”, disse ele na semana da eleição, em evento com Nunes.
Para o pesquisador de dados e CEO da empresa de estudo de dados AP Exata Sérgio Denicoli diz crer que Tarcísio saiu fortalecido destas eleições.
“O Tarcísio bancou o Nunes e sai muito fortalecido e se consolida uma vez que uma liderança hábil neste campo. Ele se coloca uma vez que um nome possante da direita e com o aval de Bolsonaro. Penso que o horizonte da direita no Brasil passa por ele”, disse.
Lula e o PT: ‘Perdeu ganhando’
O primeiro vez das eleições municipais deste ano chegou ao final e trouxe um resultado dúbio para o PT, partido do presidente Lula.
Por um lado, o partido aumentou em 37% o número de prefeituras vencidas neste ano em confrontação com as 182 de 2020. Neste ano, foram 251 prefeituras vencidas.
O partido ainda vai disputar o segundo vez em quatro capitais: Porto Feliz, Fortaleza, Natal e Cuiabá.
Em São Paulo, apesar de não ter um candidato, o partido é visto uma vez que o principal avalista da candidatura do deputado federalista Guilherme Boulos (PSOL), que vai disputar o segundo vez.
Por outro lado, especialistas apontam que o cenário inspira preocupação no partido.
Os principais motivos de preocupação, segundo eles, seriam: a ampliação e consolidação da direita e do Centrão no comando da maioria das cidades brasileiras; a pequena presença do partido em cidades com mais de 200 milénio eleitores; e o não surgimento de uma novidade geração de líderes em meio ao que classificam uma vez que o esgotamento do ciclo político de Lula.
Para ou por outra, o PT ainda viu o PL, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, aumentar o seu número de prefeituras.
Para o professor de Ciência Política Marco Antônio Teixeira, o PT saiu uma vez que um dos derrotados destas eleições.
“O PT teve um resultado que pode ser visto de dois ângulos. É melhor que 2020, mas é aquém do que se esperava pelo vestimenta de o governo ter retomado o governo federalista. Esperava-se uma transferência de votos maior de Lula para Boulos e vemos que o incremento foi grave. O PT está no segundo vez em quatro capitais, mas com poucas chances de lucrar, exceto em Fortaleza”, disse.
O pesquisador do Núcleo de Estudos de Governo Pública e Governo da Instalação Getúlio Vargas (FGV), Eduardo Grin, disse à BBC News Brasil que a situação é paradoxal.
“O PT perdeu ganhando. Ele ganhou mais prefeituras do que tinha, mas perdeu porque ficou menos relevante politicamente do que se imaginava, principalmente nos grandes centros urbanos”, disse à BBC News Brasil.
Pablo Marçal: derrotado, mas ainda competitivo
Apesar de ter ficado de fora do segundo vez das eleições à Prefeitura de São Paulo e de ter amontoado polêmicas nos últimos meses, o ex-coach Pablo Marçal foi assinalado pelo doutor em Ciência Política Vinícius Alves uma vez que um dos destaques da disputa neste ano.
Marçal concorreu à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, um partido considerado “nanico” que não contou com tempo de rádio e TV no horário eleitoral gratuito.
Apesar disso, sua enorme popularidade no universo do dedo permitiu que ele disputasse as eleições de forma competitiva até o final do primeiro vez.
Com 100% das urnas apuradas, Nunes teve 29,48% dos votos, Boulos, 29,07% e Marçal ficou com 28,14%.
“Considero que o Marçal, do ponto de vista eleitoral, sai uma vez que alguém competitivo, com potencial para provocar alguma fissura na direita. Ele conseguiu permanecer muito próximo dos dois que avançaram ao segundo vez, equilibrando até os últimos minutos de apuração uma disputa que de início parecia que seria exclusivamente em torno de Nunes e Boulos”, afirmou.
O profissional ponderou, no entanto, que as polêmicas nas quais Marçal se envolveu, entre elas a divulgação de um laudo falso indicando que Boulos teria sido internado por uso de drogas em 2021, pode trazer problemas para o seu horizonte político.
Família Gomes: supremacia ameaçada
O PDT e o grupo político formado pela família do ex-governador do Ceará Ciro Gomes foram dois dos principais derrotados das eleições de negócio com os resultados divulgados até agora pelo TSE. O partido pelo qual Ciro Gomes disputou as eleições presidenciais em 2022 conquistou 151 prefeituras neste ano, um número 52% menor que as 315 obtidas no primeiro vez das eleições de 2020.
Em Fortaleza, o PDT do prefeito José Sarto ficou de fora do segundo vez, que será disputado por André Fernandes (PL) e por Evandro Leitão (PT). O prefeito não conseguiu progredir em sua tentativa de buscar a reeleição.
Aliás, o clã Gomes, que vive um racha entre os irmãos Ciro e o senador Cid Gomes (PSB), viu um opositor da família vencer no seu principal reduto político, a cidade de Sobral.
Lá, Oscar Rodrigues (União Brasil) venceu Izolda Cubículo (PSB).
Derrocada tucana
O PSDB foi um dos grandes derrotados desta eleição, não elegendo nenhum prefeito de capitais. Pior: não irá disputar o segundo vez em nenhuma delas.
Nessa eleição, os tucanos elegeram 273 prefeitos. Quatro anos detrás, eles eram 523.
Mas foi em São Paulo, origem do partido, onde a guia do PSDB foi mais marcante.
Os tucanos já governaram a cidade de São Paulo em três ocasiões, com José Serra (2005-2006), João Doria (2017-2018) e Bruno Covas (2018-2021).
Dessa vez, o candidato do partido, José Luiz Datena, teve 1,84% dos votos — a pior votação do partido em uma eleição municipal de São Paulo na história.
Na Câmara a situação foi pior ainda. Os tucanos não elegeram nenhum vereador neste ano — em 2020 foram oito, a maior bancada da Lar junto com o PT. Essa é a primeira vez em que o partido não elege nenhum parlamentar na cidade desde sua instalação.
O fracasso eleitoral do PSDB na capital é mais um capítulo da derrocada do partido no Estado onde foi criado. Em 2022, depois de 24 anos, a {sigla} deixou de ocupar a cadeira de governador. Tarcísio Freitas (Republicanos), coligado de Bolsonaro, venceu a disputa.
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