“Fui atrás da beleza e acabei sendo mutilada“, diz vítima de médico investigado

Patrícia de Siqueira Oliveira, uma cuidadora, teve um buraco aberto na barriga após cirurgia estética realizada com o médico Josias Caetano dos Santos, mesmo médico que está sendo investigado pela morte da empresária Paloma Alves de 31 anos, que morreu após realizar uma hidrolipo na clínica Maná Day, na zona Leste de São Paulo, na última terça-feira (26).

Atraída pela promessa de um corpo bonito, Patrícia decidiu realizar uma cirurgia estética, após a indicação de uma conhecida e um preço atrativo. Mas ela acabou pagando um preço a mais, ao tentar economizar. “Fiz a cirurgia, correu tudo bem, daí depois disso, no pós operatório com 15 dias a minha barriga abriu e ficou um buraco”.

Diante da complicação, Patrícia procurou Josias Caetano dos Santos, que minimizou o problema, afirmando que a ferida fecharia sozinha em 60 dias. No entanto, a situação se agravou rapidamente. “Cabia duas mãos dentro da minha barriga, tava tudo necrosado na minha barriga”, revela a paciente.

Segundo Patrícia, o médico não ofereceu o tratamento adequado. “Ele não faz nada, ele não ajuda a gente com nada, tudo para ele tá bom”.

A mulher também compartilhou que sua sorte foi a intervenção de uma profissional de drenagem que percebeu a gravidade da situação. Ao notar o buraco na barriga de Patrícia, a profissional, alertou sobre o risco de vida.  ‘Se não fosse ela, eu teria ido a óbito também que nem a Paloma’, afirma Patrícia, relembrando o momento de desespero.

A decisão por realizar a cirurgia com o médico foi influenciada pelo valor parcelado oferecido por ele, no entanto, o que parecia ser um bom negócio se transformou em um pesadelo.

A necessidade de corrigir a falha médica resultou em gastos adicionais. “Eu tive que gastar muito mais dinheiro do que estava programado, não adiantou pagar barato, saiu caro porque eu tive que gastar muito mais, eu fui atrás da beleza e acabei sendo mutilada”, lamenta.

Sobre a higiene na clínica, Patrícia compartilhou que era perfeita, porém a sala do pós-operatório não tinha estrutura e nem higiene adequadas.

Ao saber que Paloma Alves morreu após a hidrolipo, feita pelo mesmo médico que a operou, Paloma se sentiu abalada: “Voltou tudo, o passado continuou no presente. Porque daí a bala mais a gente mais ainda, né?. A gente na verdade que a justiça, porque estamos correndo atrás da justiça, já tem dois anos”.

Outras vítimas

Conversamos com Sonia Maria Costa, que denunciou a perda de dois mamilos após cirurgia de redução das mamas, realizada com o médico Josias Caetano dos Santos em 2020.

“Minha experiência foi péssima”, desabafa. Sônia conta que o médico aparentava ser atencioso e profissional, mas que, na avaliação dela, os cuidados do pós-operatório deixaram a desejar. “Ele só olhava, me mandava para casa e receitava pomadas e antibiótico”, relata.

Em outro caso, a fisioterapeuta Deise Faria pagou R$ 20 mil parcelados em um ano para realizar o que para ela era um sonho: uma abdominoplastia e uma mastopexia com prótese para melhorar sua autoestima. No entanto, as cirurgias resultaram em uma barriga necrosada.

Denúncias

O médico já responde a pelo menos 22 processos por negligência na Justiça de São Paulo.

Segundo o advogado José Beraldo, que representa as vítimas, há casos de mulheres mutiladas e com cicatrizes enormes após a realização de procedimentos com o médico. “Mulheres que foram procurar beleza e encontraram o horror, a verdade é essa”, declarou o advogado.

Médico já teve condenação por erro em cirurgia

Josias Caetano já foi condenado pela Justiça de São Paulo por um erro em uma de suas cirurgias. Em 2013, ele teve que indenizar em R$ 20 mil uma paciente por danos morais.

A cirurgia aconteceu em 2007. Segundo informações do processo, após amamentar três filhos, a vítima estava infeliz com o formato de seus seios e decidiu realizar uma cirurgia de implante de silicone para melhorar a autoestima. Conforme o registro, o procedimento foi realizado em um hospital da capital com Josias.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) afirmou que, a partir dos fatos noticiados pela imprensa, está apurando o caso. “As investigações tramitam sob sigilo determinado por lei”, diz.

Morte de Paloma

Segundo o boletim de ocorrência obtido pela CNN, Paloma se submeteu ao procedimento estético na região das costas e abdômen, conhecido como hidrolipo, mas durante o atendimento, ela entrou em parada cardiorrespiratória irreversível.

Assim que entrou em parada cardiorrespiratória, o Samu foi acionado e ela foi socorrida ao Hospital Municipal do Tatuapé, onde chegou morta. Na unidade hospitalar, foi apontado como causa provável da morte uma embolia pulmonar.

Em entrevista à CNN, o médico Josias Caetano, afirmou estar com a “consciência tranquila” e que quer que o caso seja “elucidado”.



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