As críticas seletivas de Mano | Blog Entre as Canetas
Depois de tomar uma itinerário inegável do Palmeiras, domingo, o técnico Mano Menezes perdeu uns bons minutos (e a oportunidade de permanecer quieto) criticando Deyverson e, para mim pior, a “muita gente que aplaude, muita gente que acha bonito”, os lances protagonizados pelo atacante palmeirense. Curioso que não vi tanta indignação do técnico cruzeirense contra o soco covarde de seu jogador, Sassá, pelas costas, em Mike, ex-jogador do Cruzeiro. Tampouco vi qualquer observação revoltado com relação ao pênalti que foi oferecido à Raposa, um toque de mão meio metro fora da espaço – mas na Bombonera, sobre a tendenciosa expulsão de Dedé, Mano, aí com razão, botou a boca no trombone. Com o peso que tem, já foi técnico da seleção brasileira, seria um voz importante contra o nível catastrófico da arbitragem vernáculo. Mas preferiu estrebuchar o lado mais frágil, o do ingênuo palmeirense.
Não chego a fustigar palmas para Deyverson. Bonito, no sentido plástico dos lances, eu até acho. Infelizmente eu tenho de me adequar a um tempo em que a intolerância não permite mais lances porquê os que consagraram Mané Garrincha. Não está longe o tempo em que uma caneta será punida pelo louvado porquê atitude inconveniente ou anti-esportiva – porquê já são punidas comemorações com a torcida, seja a do responsável do gol ou a do contendedor.
Mas ninguém tem uma vírgula para reclamar. Nem os adversários meio motivo que seja para atingir Deyverson fisicamente, seja com pontapés ou peitadas, pra mostrar porquê são machos e valentes. Deyverson, e nenhum jogador, pode sentar na esfera – é falta, esfera presa; não pode colocar a mão na esfera; não pode fazer gol em impedimento; não pode fazer falta desleal. Não pode fazer zero que contrarie a regra do jogo. Mas lençol, caneta, embaixada, drible, finta, lances plásticos que empolgam a galera. Felizes os raros times que têm jogadores que sabem fazer isso. Mano chegou a usar “o calor”, “o jogo 11 horas” para consistir as críticas e justificar as agressões de seu time a Deyverson. Ah, tá, logo jogo às 11h, com sol, não pode driblar, não pode estrebuchar, tem que estender o tapete para o time de Mano não se cansar muito. Sei…
O futebol do Cruzeiro, a despeito de estar com todo o merecimento na final da Despensa do Brasil e ainda na disputa da Libertadores, não empolga a ninguém que não seja muito fanático pelo time – os torcedores não tão empolgados podem estar felizes com os resultados, não com a esfera que o time vem jogando. E os 16 pontos que separam o Cruzeiro do líder do Campeonato são, para um time com o investimento feito, e com o tempo que Mano tem avante, são para mim, vergonhosos.
Portanto, antes de cornetar a opinião de quem não vê problemas na arte do futebol, o competente Mano Menezes tem, no barato, uns cinco ou seis assuntos mais urgentes e pertinentes para pensar. E, é simples, lucrar um campeonato relevante que não seja contra o Flamengo.
Publicar comentário