Ataques de Israel ao Líbano: ‘A guerra levou tudo o que construímos’, diz brasileira que fugiu com filhos e mãe idosa
- Author, Luís Barrucho
- Role, Da BBC News Brasil em Londres
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A brasileira Jussara Kdouh, de 34 anos, voltou ao Líbano para reconectar seus dois filhos com as raízes culturais do país em que cresceu.
No entanto, o que era para ser um retorno às suas origens se transformou em uma fuga desesperada por sobrevivência, com bombas caindo cada vez mais perto de sua mansão e um sentimento crescente de desamparo.
Jussara nasceu no Brasil, mas com um ano, sua família a levou para o Líbano, onde passou toda a puerícia e juventude. Aos 22 anos, voltou ao Brasil para viver com seu marido, que, assim porquê ela, possui nacionalidade brasileira e libanesa.
Durante mais de uma dez, ela viveu em São Paulo, mas decidiu voltar ao Líbano em junho para que seus dois filhos conhecessem de perto a cultura, a língua e a religião que fizeram secção de sua própria formação.
“Eu queria que meus filhos vivessem o que vivi. Conhecessem a cultura libanesa, aprendessem arábico e se conectassem às nossas origens”, conta Jussara.
Naquele dia, seu marido retornou ao Brasil, antes do início dos bombardeios mais intensos, enquanto Jussara permaneceu no Líbano com os filhos pequenos, uma moça de nove anos e um menino de dez anos, e a mãe idosa.
Logo que os ataques aéreos israelenses se intensificaram, a vida de Jussara se transformou em uma rotina de pânico e incerteza.
Ela conta que as bombas passaram a desabar muito próximas à sua mansão, na cidade de Nabatia, no sul do Líbano, e cada novo ataque trazia o desespero de estar no meio do conflito.
“Eu via as explosões pelas janelas. O pânico tomava conta, e eu sabia que precisava fazer alguma coisa para proteger meus filhos e minha mãe”, relata.
“As ruas estavam tomadas por pessoas tentando evadir. Ficamos presos no trânsito enquanto as bombas explodiam. Vi uma garoto de 11 anos morrer dentro de uma ambulância porque não conseguiram chegar ao hospital”, recorda com a voz embargada.
“O pranto da mãe daquela garoto é alguma coisa que nunca vou olvidar.”
Depois uma longa e arriscada jornada que durou 13 horas em vez dos habituais 60 minutos, Jussara e sua família chegaram a Beirute, onde encontraram a cidade lotada e dominada pelo pânico.
“Muitas pessoas estavam dormindo nas ruas porque não havia mais lugar. Eu consegui um quarto de hotel, mas o pânico não nos deixava”, explica.
Em meio ao caos, ela tentou buscar ajuda do governo brasílio, sem sucesso.
“Meus filhos são brasileiros, e mesmo assim não tivemos espeque para uma evacuação segura. Me senti completamente abandonada pelo meu próprio país. Cada petardo que cai faz você se perguntar se vai ver o próximo dia”, desabafa.
Na segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores informou que um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) será enviado para resgatar brasileiros que estão no Líbano nos próximos dias. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a repatriação dos cidadãos.
A operação, que está sendo coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Resguardo, anunciará a data do voo em breve, posteriormente calcular as condições de segurança. O planejamento inicial da FAB prevê que o avião decole do aeroporto de Beirute, que está lhano.
“A Embaixada no Líbano está tomando as providências necessárias para viabilizar a operação, em contato permanente com a comunidade brasileira e em estreita coordenação com as autoridades locais”, diz a nota do Itamaraty.
A maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio atualmente está no Líbano. Ao todo, 21 milénio brasileiros vivem no país.
‘Porvir seguro no Brasil’
Jussara diz que, apesar das circunstâncias, não considera o Hezbollah (“Partido de Deus”, em arábico), sediado no sul do Líbano e recebe financiamento do Irã, porquê uma organização terrorista, apesar de essa ser a classificação frequentemente atribuída por governos ocidentais.
Atualmente, muitos países, incluindo Israel, Estados árabes do Golfo e grandes potências porquê os Estados Unidos, o Reino Unificado e a União Europeia, classificam o Hezbollah, que prega a ruína do Estado de Israel, porquê organização terrorista. O Brasil não segue essa classificação.
O Hezbollah é culpado por diversos atentados, incluindo ataques suicidas, contra alvos israelenses, americanos e de outros países ocidentais principalmente no próprio Líbano e em Israel.
O grupo é culpado também de participação em ações no exterior, porquê os ataques a petardo contra a embaixada de Israel em Buenos Aires, que deixou 29 mortos, em 1992, e contra uma organização comunitária judaica também em Buenos Aires, em 1994, que matou 85 pessoas.
Para Jussara, o Hezbollah é um grupo de resistência que sempre apoiou a população libanesa, principalmente as comunidades mais pobres e marginalizadas.
“Eu cresci no Líbano vendo o Hezbollah ajudar as pessoas, construindo escolas, hospitais e cuidando da nossa segurança. Eles não são terroristas, eles protegem a nossa terreno. Sem eles, estaríamos completamente vulneráveis”, afirma.
Ela reconhece que o conflito é extremamente multíplice e doloroso, mas insiste que o Hezbollah faz secção da resguardo do Líbano contra ameaças externas.
“As pessoas que vivem fora não entendem a influência deles cá. Muitos acham que são somente milicianos, mas a verdade é que eles estão cá para proteger o país, principalmente do que consideramos ser agressões israelenses”, diz.
“É fácil julgar de fora, mas para quem vive cá, o Hezbollah faz secção da vida cotidiana. Eles oferecem suporte e proteção que muitas vezes o próprio governo libanês não consegue oferecer.”
Com muito esforço, Jussara conseguiu passagens para trespassar do Líbano no próximo dia 22 de outubro em um voo para a Turquia. No entanto, ela ainda não sabe se conseguirá partir de lá rumo ao Brasil.
Até lá, ela permanece em Beirute, na esperança de que sua família consiga deixar o país antes que a situação piore ainda mais.
Depois o pregão do governo brasílio sobre a operação de resgate, a reportagem da BBC News Brasil voltou a contatar Jussara. Ela expressou sua esperança de que “tudo dê perceptível”.
“Eu tive que despovoar tudo: a mansão, os investimentos, os sonhos. Tudo o que construímos no Líbano se foi com essa guerra. Só queremos viver em sossego.”
Embora profundamente marcada pela violência e pelas perdas, Jussara também carrega um potente sentimento de fé.
“O povo libanês é pleno de fé, mesmo em meio ao sofrimento. Eu senhoril essa terreno, mas hoje, porquê mãe, a segurança dos meus filhos está supra de tudo. Vou embora levando comigo as memórias da puerícia e a esperança de um horizonte mais seguro no Brasil.”
Enquanto aguarda ansiosamente a oportunidade de deixar o Líbano, Jussara reflete sobre o impacto da guerra não somente em sua vida, mas na de todas as famílias que lutam diariamente para sobreviver.
“O Líbano é um país de pessoas fortes, mas não há porquê lutar contra as bombas. É doloroso deixar tudo para trás, mas quando se trata da vida dos nossos filhos, não há outra escolha.”
Ela ainda sonha em retornar ao Líbano quando a situação estiver mais tranquila.
“Eu senhoril o Brasil e também o Líbano. Nunca enfrentei discriminação no Brasil por ser muçulmana. O povo brasílio tem um grande reverência pelas religiões dos outros”, afirma.
“Mas não sei porquê explicar, há alguma coisa na terreno do Líbano que nos labareda”, acrescenta.
Irrupção terrestre
Israel e Hezbollah parecem estar se aproximando de uma guerra totalidade, posteriormente uma semana de escalada no conflito.
Israel alega que procura prometer o retorno seguro dos moradores deslocados nas áreas de fronteira, posteriormente quase um ano de hostilidades relacionadas à guerra em Gaza.
Embora o Hezbollah tenha sido enfraquecido, o grupo continua lançando foguetes em direção ao setentrião de Israel e ainda possui um arsenal significativo de mísseis de longo alcance.
O ministério da Saúde do Líbano informou no sábado que os ataques israelenses mataram mais de 1.000 pessoas nas duas semanas anteriores, incluindo 87 crianças e 56 mulheres.
As autoridades enfrentam dificuldades para oferecer assistência a todos, com abrigos e hospitais sob pressão.
Israel afirma que está atingindo locais do Hezbollah, incluindo depósitos de armas e munições, e acusou o grupo de usar civis porquê escudos humanos.
Em um exposição na segunda-feira, o vice-líder do Hezbollah, Naim Qassam, descreveu os ataques atuais de foguetes, drones e mísseis contra Israel porquê “o mínimo necessário” e afirmou que o grupo “sairá vitorioso” posteriormente uma ofensiva terrestre israelense.
O Hezbollah ainda conta com milhares de combatentes, muitos deles veteranos da guerra social na Síria, além de um arsenal sucoso de mísseis, incluindo muitos de longo alcance e guiados com precisão, capazes de atingir Tel Aviv e outras cidades.
O que é o Hezbollah?
Hezbollah é um partido político xiita e um grupo armado com potente influência no Líbano, tanto no parlamento quanto no governo.
Controla a mais poderosa força militar do país. O grupo surgiu na dez de 1980, em reação à ocupação israelense do sul do Líbano durante a guerra social (1975-1990).
Com espeque militar e financeiro do Irã e alianças com a Síria de Bashar al-Assad, o Hezbollah já realizou ataques letais contra forças israelenses e americanas.
Depois a retirada das tropas israelenses do Líbano em 2000, o Hezbollah assumiu o crédito pela vitória.
A guerra de 2006 entre Hezbollah e Israel, desencadeada por um ataque do grupo, resultou na morte de muro de milénio civis, mas o Hezbollah saiu fortalecido, expandindo suas capacidades militares.
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