Bloqueio do X: as pressões de mercado que fizeram Musk cumprir decisões de Moraes
- Author, Julia Braun
- Role, Da BBC Brasil em Londres
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O X (vetusto Twitter) voltou a funcionar no Brasil depois que a rede social do bilionário Elon Musk cumpriu as determinações do Supremo Tribunal Federalista (STF).
Em decisão, o ministro Alexandre de Moraes autorizou nesta terça-feira (8/10) a volta do funcionamento da rede social X no país, depois a empresa formalizar sua reabertura no Brasil e satisfazer decisões que vinham sendo desrespeitadas, porquê bloqueio de contas e pagamento de multas.
O magistrado havia determinado a suspensão da rede social no país em 31 de agosto. A decisão veio depois o esgotamento do prazo oferecido pelo STF para que a empresa comandada pelo bilionário sul-africano indicasse um novo representante lítico no Brasil.
Moraes já havia determinado o bloqueio de contas na rede social acusadas de publicar mensagens criminosas ou antidemocráticas e, posteriormente, o pagamento de multas aplicadas por manter essas contas no ar.
O X afirmou inicialmente que não seguiria as determinações, mas posteriormente voltou detrás. Os advogados que representam a plataforma no Brasil confirmaram na quinta-feira (19/9) que todas as decisões seriam cumpridas, com a indicação da advogada Rachel de Oliveira Villa Novidade porquê representante lítico e o bloqueio dos perfis indicados.
Ele também determinou que diversos órgãos, porquê a Receita Federalista, o Banco Meão, a Polícia Federalista, a Anatel (Escritório Vernáculo de Telecomunicações) e a própria Secretaria Judiciária do STF, prestassem esclarecimentos e compartilhassem informações sobre o funcionamento do X no país, o pagamento das multas e o aproximação dos usuários bloqueados.
Pressão econômica
Depois a confirmação da intenção de satisfazer as decisões, especialistas apontaram que a mudança de posição do X foi provavelmente mais uma resposta à pressão de investidores, acionistas e anunciantes associados às empresas de Musk do que uma licença política.
“A decisão me parece muito mais econômica do que uma licença política”, disse Roberto Kanter, professor da FGV (Instauração Getulio Vargas) e profissional em empreendedorismo.
O economista identificou uma “prepotência corporativa” que pode ter levado a plataforma a supervalorizar sua posição no Brasil quando, na verdade, as empresas de Musk tinham muito a perder no mercado lugar.
Kanter destacou a Starlink, companhia de internet via satélite que também faz segmento do portfólio do bilionário sul-africano. “A grande aposta econômica do holding é a Starlink, que foi afetada por todas as questões do X no Brasil”, afirmou.
O queima cruzado entre Musk e o STF respingou no outro negócio do bilionário sul-africano depois que a Starlink teve suas contas bancárias bloqueadas no Brasil para prometer o pagamento das multas direcionadas ao X pelo descumprimento das decisões judiciais.
Os fundos foram liberados depois a quitação, mas a empresa de satélites também foi colocada sob pressão depois o surgimento de rumores sobre o seu bloqueio no país por não satisfazer as ordens de Moraes para impedir que seus clientes pudessem acessar o X a partir das suas conexões via satélite.
A Starlink acabou cumprindo as decisões judiciais, mas o mero receio de que a companhia pudesse ser tirada do ar no Brasil deixou clientes e especialistas preocupados.
Em pouco mais de dois anos de operação, a Starlink se transformou em líder em um segmento pequeno, mas estratégico no setor de telecomunicações do país: o de internet via satélite.
Neste período, a empresa passou a ser fornecedora de importantes órgãos públicos do governo federalista porquê o Tropa, a Marinha, os ministérios da Saúde e Instrução além da gigante Petrobras.
“A Starlink oferece um serviço totalmente dissemelhante do X, altamente tecnológico, e foi arrastada para tudo isso com o bloqueio dos seus bens”, disse Bruna Santos, da Do dedo Action, uma organização global que advoga por melhores padrões digitais dos governos e das Big Tech.
Segundo a profissional, Musk arrastou suas empresas para uma disputa de sua esfera pessoal, o que provavelmente desagradou seus acionistas.
Advogados de fundos de investimento que têm negócios com o magnata afirmaram ao jornal Correio Braziliense sob requisito de anonimato que o descumprimento das decisões judiciais pelo X abriu as portas para uma retração nos investimentos e retraimento de novos interessados, gerando desconforto e pressão para uma mudança de posição.
Ainda de congraçamento com uma das fontes, o bloqueio da rede social no Brasil e a instabilidade em torno da perenidade dos serviços da Starlink reforçou a posição de competidores das empresas de Musk no país.
A rede social Bluesky, que tem funções semelhantes à plataforma do bilionário sul-africano, ganhou 2 milhões de novos usuários no país nos três primeiros dias depois o X parar de funcionar. Muitos usuários também relataram ter migrado para o Threads, outro aplicativo concorrente de propriedade da Meta.
E segundo reportagem do jornal Financial Times, o êxodo de usuários para outras redes tem sido observado também em outros países.
No Reino Uno, onde o fenômeno é mais aparente segundo o veículo, dados da empresa especializada em estudo de tráfico na web Similarweb mostram que o número de usuários do X caiu de 8 milhões para exclusivamente muro de 5,6 milhões em um ano.
A maior segmento dessa saída se deu durante a vaga de violência anti-imigração e racista que tomou algumas cidades do Reino Uno no início de agosto, diz o FT. Nesse período, Musk fez postagens sobre o tema que geraram polêmica – uma, em próprio, dizia que uma guerra social no país era “inevitável”.
Bruna Santos lembrou ainda que as disputas de Musk com a Justiça no Brasil e em outras nações, assim porquê a associação de suas marcas com conteúdos extremistas, têm levado a outro êxodo: o de anunciantes.
“A plataforma depende em qualquer nível de investidores, mas também de sua imagem pública”, afirma.
Musk comprou o Twitter em 2022 por US$ 44 bilhões. Segundo a revista Forbes, ele possui muro de 74% da empresa, agora chamada X.
Mas uma pesquisa publicada no início de setembro pela empresa dados Kantar, com base em entrevistas feitas com 18.000 consumidores e 1.000 profissionais de marketing ao volta do mundo, indicou que 26% dos profissionais da superfície estão planejando trinchar gastos com anúncios no X em 2025.
Ao mesmo tempo, a situação de Musk no Brasil tomou novas proporções com a autorização para o funcionamento da E-Space pela Escritório Vernáculo de Telecomunicações (Anatel). A empresa compete com a Starlink no mercado de internet via satélite.
O recta de exploração foi facultado pelo prazo de cinco anos. A E-Space apresentou porquê projecto um sistema que pode ter até 8.640 satélites, ainda que esse número seja exclusivamente teórico, e tem dois anos para iniciar as operações no país.
As empresas de Musk no Brasil
Antes do bloqueio, o Brasil tinha muro de 22 milhões de usuários no X – ou um pouco em torno de 4% do totalidade de usuários da plataforma em todo o mundo.
O Brasil está entre os países com mais usuários da rede social, mas fica muito detrás dos primeiros colocados da lista. Estima-se que os Estados Unidos tenham um pouco em torno de 106 milhões de usuários, enquanto o Japão chega a mais de 70 milhões.
Ainda assim, especialistas da superfície veem o Brasil porquê um mercado promissor em termos de exploração de redes sociais.
O país é o terceiro que mais usa redes sociais no mundo, detrás exclusivamente da Índia e da Indonésia, segundo um levantamento da Comscore.
Outra pesquisa realizada pela Adyen, companhia de tecnologia de pagamentos para grandes empresas, mostrou que as redes sociais são utilizadas por 65% dos brasileiros na hora de fazer compras online.
E o Twitter já foi uma das plataformas preferidas de investimento por segmento do mercado publicitário vernáculo. Segundo uma reportagem da revista Forbes Brasil, em 2021, a rede chegou a ter no Brasil sua quarta principal operação.
De congraçamento com Denise Porto Hruby, CEO do IAB Brasil, entidade que trabalha para o desenvolvimento da publicidade do dedo, o Twitter trouxe cenários muito inovadores a partir do seu lançamento no país, em 2008.
“O Twitter ampliou as possibilidades e criou ambientes de conversas entre pessoas e marcas, de tino de comunidade e deu espaço para um envolvente mais solto, além de uma visão pioneira de perenidade e ampliação das mensagens quando integradas aos outros meios”, disse em posicionamento enviado à BBC Brasil.
Mas para o economista Roberto Kanter, da FGV, o X no Brasil tem mais valor do ponto de vista simbólico para os negócios de Musk do que no contexto econômico.
“O volume de usuários ativos do X no Brasil nem se compara a de outras redes mais populares, porquê Instagram e WhatsApp”, disse. “Mas porquê ela é uma mídia muito utilizados pelos influenciadores e formadores de opinião, ela passa a ter um peso símbólico que por vezes é maior do que o econômico.
Segundo Kanter, isso certamente também teve influência sobre a decisão da rede social de voltar detrás e mudar sua postura sobre o cumprimento das decisões judiciais.
Já a atuação da Starlink no Brasil tem enorme peso econômico para a empresa.
Dados da Escritório Vernáculo de Telecomunicações (Anatel) mostram que a companhia tem uma participação modesta no mercado brasílico de aproximação à internet, com um número de assinantes que representa exclusivamente 0,5% de todos os 49,7 milhões de conexões no país.
Mas a Starlink é líder no segmento de internet via satélite, no qual teve uma subida meteórica.
Em janeiro de 2023, segundo a Anatel, a Starlink era a quinta principal provedora do mercado e responsável por 4,7% da internet via satélite no país. Um ano e sete meses depois, em julho deste ano, a empresa já havia assumido a liderança do mercado com 45,9% de participação no mercado.
O sucesso da companhia, apontam especialistas, é justamente o roupa de que sua tecnologia se mostrou atingível, eficiente e relativamente barata em áreas consideradas remotas e onde a ligamento ótica ainda não chegou, porquê em algumas regiões da Amazônia, ou em áreas onde esse tipo de conexão é impossível porquê em cocuruto mar.
O setor de internet via satélite também tem boas perspectivas de prolongamento em todo o mundo, com expectativas de que deverá crescer a uma taxa de prolongamento anual composta de 33,7% de 2023 a 2028, de congraçamento com um relatório de janeiro deste ano.
Um levantamento feito pela BBC News Brasil com base no Portal da Transparência e no Quotidiano Solene da União (DOU) apontou ainda que a Starlink se transformou em uma importante fornecedora de internet via satélite para diversos órgãos públicos e estatais.
Os contratos não foram firmados diretamente com a empresa de Musk, mas com operadoras credenciadas pela Starlink para atuarem no Brasil.
O contrato de uma dessas operadoras com a Petrobras é, de longe, o mais vultoso identificado até agora.
Segundo documentos obtidos pela BBC News Brasil, em agosto de 2023, a Petrobras firmou um contrato de US$ 24 milhões com a empresa MTNSAT para que ela fornecesse o serviço de internet via satélite oferecido pela Starlink.
O valor é equivalente a R$134 milhões.
Documentos elaborados pelo Tropa e pela Marinha apontam ainda uma certa subordinação do Brasil em relação à Starlink.
Em pareceres elaborados pelas duas Forças em resposta a um requerimento de informação feito pelo deputado federalista Coronel Meira (PL-PE), em junho deste ano, o Tropa disse que o serviço prestado pela Starlink é considerado estratégico por fornecer internet de qualidade em regiões remotas. Segundo o órgão, uma eventual suspensão das atividades poderia fomentar problemas às tropas.
“O Brasil é uma potência agrícola que tem vários bolsões que necessitam de conexão à internet. E o serviço oferecido pela Starlink é uma maneira muito prática de se conectar, com um dispêndio bom”, avalia Kanter.
“Não faria sentido do ponto de vista econômico o proprietário da empresa continuar a escadeirar de frente com o governo brasílico.”
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