CineBH mergulha no cinema latino-americano e homenageia Anna Muylaert
Uma viagem pelo cinema latino-americano contemporâneo. Assim pode ser descrita programação da Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte (CineBH) que dá início à sua 18ª edição na noite desta terça-feira (24). Os participantes poderão testemunhar a 17 filmes de diferentes países vizinhos do continente: República Dominicana, Uruguai, Argentina, Colômbia, Chile, Panamá, Cuba, Costa Rica e México. Em sua maior segmento, são títulos inéditos para o público brasílio.
Ao mesmo tempo, serão apresentadas em primeira mão algumas produções nacionais. Logo em seguida a buraco, será exibido em pré-estreia o longa-metragem “O Clube das Mulheres de Negócios”, da cineasta paulista Anna Muylaert, homenageada desta edição.
A CineBH é organizada anualmente desde 2007 pela Universo Produção, também responsável pelas tradicionais vestígios de cinema de Tiradentes e de Ouro Preto. Nesta edição, 110 filmes nacionais e internacionais (59 longas, 49 curtas e 2 médias-metragens) serão levados para as telas. A programação, que se encerra no domingo (29), inclui ainda mesas de debate e outras atividades para diversas idades, todas gratuitas.
Quem não estiver presente em Belo Horizonte poderá ter aproximação a uma programação online que vai reunir variados títulos, alguns exibidos exclusivamente neste formato, na plataforma do evento.
De concórdia com Raquel Hallak, coordenadora-geral do evento, um novo viés conceitual foi assumido em 2022. “Tornou-se um espaço para comemorar e refletir sobre o cinema latino-americano, colocando-o em contato direto com vários olhares que poderão constatar a efervescência da produção que marca o território. A proposta é exatamente para fabricar um espaço mútuo de exibição e reflexão em torno destas trabalhos que não encontram espaço no giro mercantil no Brasil”, explica.
O tema da edição sintetiza esse movimento: Estados do Cinema Latino-Americano. Hallak considera que o pedestal a essas produções contribui para invocar atenção do mercado de exibição brasílio. Mas alerta que esse uma maior buraco só terá sustentabilidade com ações contínuas, porquê parcerias envolvendo distribuidoras e salas de cinema e políticas públicas que incentivem a heterogeneidade na programação.
Ainda assim, ela acredita que a decisão adotada pela coordenação da Mostra CineBH gera efeitos positivos para a visibilidade destas produções.
“Ao fabricar uma plataforma para cineastas latino-americanos, facilitando a troca cultural e a valorização das narrativas locais, vemos um aumento no interesse do público e da sátira brasileira por filmes de países vizinhos, resultando em mais exibições e espaços dedicados a eles. No entanto, a buraco das salas de cinema para essas produções ainda enfrenta desafios. O mercado cinematográfico brasílio é submetido por grandes produções, muitas vezes de Hollywood”, pondera.
Dos 17 filmes latino-americanos, seis integram a Mostra Território. Trata-se de uma categoria competitiva que procura apresentar ao público brasílio uma novidade geração de diretores nacionais e de outros países do continente, a maioria estreando em longas-metragens.
“A programação refletirá sobre as imagens e situações de poder e fragilidade que caracterizam nascente universo latino-americano, em que o cinema é um campo de constantes alternâncias, refletindo as fases de luto, luta, celebração e confronto que os países da região vivenciam. Entre outras questões, a mostra se dedicará a explorar, também a partir dos filmes, porquê as relações entre as produções e as políticas públicas moldam a capacidade dos filmes locais de prosperar e se primar diante de plateias em outros países”, acrescenta Hallak.
Além dos filmes latino-americanos, serão exibidas produções brasileiras provenientes de 13 estados e alguns títulos europeus e africanos. Entre eles, o longa-metragem espanhol O Professor que Prometeu o Mar, dirigido por Patricia Font e inspirado em livro do plumitivo Francesc Escribano. O trabalho narra a história real de um professor em uma escola rústico que implementou técnicas pedagógicas inovadoras e foi perseguido pelo regime franquista na dezena de 1930. Indicado ao Goya e ao Feroz, principais premiações da Espanha, o filme será exibido pela primeira vez no Brasil.
Homenageada
A cerimônia também marcará a entrega do Troféu Horizonte à Anna Muylaert, diretora do filme Que Horas Ela Volta?, protagonizado pela atriz Regina Casé. Lançado em 2015, ele foi premiado nos aclamados festivais de Sundance (Estados Unidos) e de Berlim (Alemanha) e acabou sendo indicado pelo Brasil para buscar uma vaga no Oscar no ano seguinte, embora tenha ficado de fora da lista final de melhores filmes estrangeiros.
Entre outros trabalhos, a homenageada desta edição da Mostra CineBH também assina os longas-metragens Mãe só Há uma Uma (2016) e Alvorada (2021).
Ao longo dos seis dias da Mostra CineBH, será apresentada uma retrospectiva completa de sua curso, com exibição de curtas e longas-metragens. Hallak descreve a cineasta porquê “uma das vozes mais marcantes do cinema brasílio contemporâneo”.
Seu novo filme O Clube das Mulheres de Negócios, que será apresentado em uma sessão de pré-estreia pátrio, promove reflexões sobre o machismo, o racismo e a devassidão enraizada na cultura patriarcal. A narrativa é ambientada em um mundo onde os estereótipos de gêneros são invertidos: as mulheres ocupam posições de poder que normalmente são ocupados por homens.
“O trabalho de Muylaert é divulgado por seus personagens complexos e contraditórios, que muitas vezes refletem as tensões sociais brasileiras, desde as dinâmicas de poder entre homens e mulheres até as relações entre empregadores e empregados. É uma cineasta que mantém totalidade controle sobre suas obras, atuando também porquê roteirista e produtora. Sua influência no cinema brasílio vai além da qualidade artística de seus filmes, pois ela também provoca reflexões profundas sobre temas relevantes da sociedade”.
Conexões
Dentro da programação da CineBH, há também o Brasil CineMundi, que chega à sua 15ª edição. De concórdia com os organizadores, é atualmente o maior encontro de mercado do país voltado para o cinema. A programação reúne cineastas, produtores e representantes da indústria mundial com interesse em coproduzir com o Brasil e saber pessoalmente projetos que, muitas vezes, não chegam até eles. Em outras palavras, é uma plataforma de intercâmbio para potencializar conexões entre realizadores brasileiros independentes e potenciais interessados.
Todos os anos, alguns projetos são escolhidos para serem apresentados em rodadas de negócio. Desde a sua primeira edição, o Brasil CineMundi já contribuiu para tirar do papel mais de 30 filmes, incluindo títulos porquê Benzinho (2018), Bacurau (2019), Ossos da Saudade (2021), Paterno (2022) e Mato Sequioso em Labaredas (2022). A programação do encontro também inclui masterclasses, painéis de mercado e workshops que abordam temas variados porquê estratégias de lançamento, planejamento de vendas e experiências de sucesso.
Para a edição deste ano, foram convidados 40 nomes vinculados ao mercado de 20 países, porquê representantes da indústria cinematográfica, de fundos de financiamento e de canais de streaming e televisão, além de agentes de vendas, distribuidores e programadores de festivais internacionais. Eles irão saber 38 projetos selecionados, sendo alguns na período de pós-produção e outros em desenvolvimento ou já na lanço de montagem.
São distribuídos prêmios aos projetos mais muito cotados pelos júris de avaliação.
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