Cíntia Chagas não levou adiante denúncia de agressão contra outro ex
São Paulo — Antes do relacionamento com o deputado estadual Lucas Bove (PL), a influenciadora Cíntia Chagas denunciou outro ex-marido à Polícia Civil por violência doméstica, conseguiu medida protetiva, mas decidiu não representá-lo criminalmente para que fosse aberto um inquérito sobre o caso.
Ela foi casada com o psicólogo, empresário e palestrante Luiz Fernando Garcia. Eles deixaram de morar juntos e deram início ao divórcio em novembro de 2020, pouco mais de um ano depois do casamento. Como mostrou o Metrópoles, o fim do relacionamento foi turbulento. Cíntia foi condenada a indenizar o ex em R$ 10 mil a título de danos morais em razão de acusações que fez contra ele.
O Boletim de Ocorrência foi registrado em fevereiro de 2021. Na ocasião, acusou Garcia de ser “agressivo e controlador”, e de oprimi-la por meio de “métodos psicológicos” que “conhecia por ser psicanalista”. Afirmou ainda que ele “batia em objetos para não agredi-la”. À época, Cíntia escolheu não representar criminalmente contra o ex-marido.
Também entregou às autoridades trocas de mensagens para comprovar o comportamento agressivo do empresário. Em uma delas, ele assume ter manifestado “as próprias frustrações de forma agressiva”. “O que aprendi: nunca mais irei ser agressivo com uma mulher”, reconheceu o empresário.
“Nada justifica seus gritos”
Em seguida, ela diz: “Sei que errei nos pontos apontados por você. Admito e peço desculpas novamente. Mas nada justifica os seus gritos comigo, a sua agressividade. Você já falou várias vezes que ia parar, mas não para. Não é aceitável nem normal isso”. Ela ainda diz que ele não aceitaria esse tipo de comportamento se fosse vindo de um namorado de sua filha.
No mesmo mês em que foi registrado o B.O., foi realizada uma audiência por videoconferência na qual Luiz Fernando Garcia negou a versão de Cíntia Chagas e concordou com a medida protetiva “apenas para dar tranquilidade” à ex-mulher. Foi imposta a ele a proibição de se aproximar a influencer a uma distância inferior a 300 metros.
Em março, Cíntia foi notificada pela Justiça de que a medida protetiva estava em vigor e respondeu: “Recebido. Obrigada”. Foi a última vez que ela foi encontrada pelas autoridades. Ela seguiu sem representar o ex-marido.
Sem inquérito
Em maio de 2022, o juiz Carlos Eduardo Oliveira Alencar, da Vara do Foro Central da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, decidiu arquivar o caso.
Ele afirmou, na decisão, que passado mais de um ano da “última provocação da vítima com pedido de intervenção estatal, é possível concluir, portanto, que ela reencontrou a tranquilidade e vive de forma digna do contrário, já teria novamente procurado a tutela estatal”. O magistrado revogou as medidas protetivas.
“O tempo decorrido incumbiu-se de distanciar ofensor da vítima, estando satisfeitas, assim, a função e a finalidade das medidas protetivas antes impostas, inexistindo motivos concretos a que subsistam”, escreveu.
Sem a representação de Cíntia, essencial para abertura de inquérito, não houve investigação.
“Uma vez inexistente investigação pela qual buscava-se apurar delito envolvendo violência doméstica ou familiar contra a mulher, e não presentes os pressupostos à manutenção de vigência da medida cautelar, de rigor a revogação das medidas por perda superveniente do objeto, sendo a requerente carecedora do direito de ação”, anotou o magistrado.
Danos morais
Como o Metrópoles mostrou, além do inquérito, Cintia foi condenada a indenizar o ex em R$ 10 mil em razão de outras acusações. O processo sintetiza que Cíntia – sem citar explicitamente o nome de Luiz Fernando – fez publicações nas quais o acusava de ter aplicado um golpe. Nos Stories, ela o chamava de “estelionatário”, “bandido” e “ladrão”.
“Um homem que conviveu comigo tem utilizado materiais meus (como um vídeo criado, roteirizado e totalmente escrito por mim) para dizer que eu sou o ‘case’ de sucesso dele. Em reuniões, ele apropria-se criminosamente de um piloto meu e coloca-se como escritor e roteirista”, escreveu a influenciadora. “Não satisfeito em me roubar financeiramente, tenta agora usurpar uma propriedade intelectual minha”, acrescentou.
A Justiça entendeu que não havia provas das acusações e que ela ofendeu a honra de Luiz Fernando.
Lucas Bove e Cíntia Chagas
Na última sexta-feira (18/10), Cíntia Chagas pediu prisão preventiva do deputado estadual Lucas Bove, com quem foi casada por três meses. A defesa da influenciadora acionou a Justiça de São Paulo nesse mesmo dia, alegando que houve descumprimento da medida protetiva de urgência, com base na Lei Maria Penha.
Bove é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por violência contra a mulher, violência psicológica, ameaça, injúria e perseguição. Atualmente, o deputado está impedido de chegar a menos de 300 metros da ex-companheira. Ele também não pode ligar, enviar mensagens de texto, nem mencioná-la nas redes sociais.
Após pedidos de cassação do mandato de Lucas Bove serem protocolados na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o político se defendeu publicamente. Ele afirmou que o “uso incorreto” da lei Maria da Penha pode prejudicar quem realmente precisa de proteção da Justiça.
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