Porquê a indústria da desinformação ataca a ciência brasileira?
A coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Vernáculo de Pesquisas Espaciais (INPE), Luciana Gatti, relatou que sofre uma série de represálias pelo seu trabalho, que consiste em ressaltar uma vez que o agronegócio é o maior responsável pela devastação do meio envolvente.
Consequentemente, a pesquisadora está sofrendo represálias de figuras da extrema-direita, roupa que ela atribui ao roupa de ser mulher, mas também por falar, a partir de dados e estudos, o óbvio em relação ao meio envolvente. Ao declarar, em uma entrevista, que os incêndios em todo o país foram provocados para atender aos interesses do agronegócio.
Em vez de pedestal ou influenciar políticas públicas, Gatti foi advertida pelo secretário de Cultivação do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, que considerou suas falas criminosas e pediu explicações ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
“Você não vê a extrema-direita ir assim para o lado de varão. A extrema-direita é covarde. Covarde, porque quem vai em cima de mulher com toda essa agressividade é covarde. Vamos estrear pelo secretário da Cultivação do Estado de São Paulo. O faceta é secretário da Cultivação e vê as lavouras do Estado de São Paulo queimando com queima provocado. O faceta está furioso detrás dos criminosos que tacaram queima na lavoura que ele tem que cuidar? Não, ele labareda de criminosa a pesquisador que afirma que aquilo tem por trás uma organização que não é pequena, porque em um único dia quase 1.900 focos de incêndio no Estado de São Paulo”, comenta a entrevistada do programa Novidade Economia, da última quinta-feira (11).
Além da represália, Luciana afirmou ainda que já era monitorada e, durante uma entrevista em que abordava os incêndios criminosos, sua relação caiu e ela demorou um tempo até conseguir se reconectar.
“No dia seguinte, de manhã, os senadores da extrema direita já tinham convocado a ministra, com ofício de dois sindicatos, de pessoal ligado à produção de cana-de-açúcar”, continua.
Desinformação
Também convidada do programa Novidade Economia, a fundadora do Netlab Universidade Federalista do Rio de Janeiro (UFRJ), Marie Santini, explicou que os ataques são resultantes de dois fatores específicos. Além de confrontar interesses econômicos, a exemplo do agronegócio, a produção científica no Brasil e no mundo nunca avançou a passos tão largos, tanto que a ciência foi capaz de desenvolver, em dois anos, uma vacina para sofrear uma pandemia global.
“Logo tudo está extremo, tudo está realmente muito sobressalente, o ódio está mais explícito, a violência está mais explícita, esses grupos estão aparecendo mais porque a gente está na véspera do termo do mundo”, afirma Marie.
A docente da UFRJ também acrescentou que a desinformação é uma indústria lucrativa, que se tornou um mercado paralelo sem regulação que cresceu de tal forma que é difícil para governos impor regras. Tanto que a União Europeia só teve sucesso neste sentido por se tratar de um conjunto econômico.
“A eleição é o laboratório perfeito, em que pode entender desculpa e efeito, pois quando a eleição termina, há um ganhador. Fica mais fácil tentar entender o que funciona para manipular, quais são as táticas que influenciam determinados segmentos. Você consegue produzir estatística sobre esses experimento”, continua Marie Santini.
Além da política, o mercado de informação é significativo também na dimensão da saúde, em que são vendidos todo tipo de resultado praticamente sem fiscalização, pois enquanto a Anvisa não regula medicamentos e tratamentos na internet, é neste conduto que as pessoas buscam cada vez mais informação sobre produtos que, muitas vezes, sequer são regulamentados.
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