Criado por diretor do Botafogo, Centro de Análise do Atlético-MG auxiliou na contratação de Milito e reforços; conheça
Ge disseca departamento de inteligência atleticano, conta detalhes no processo de contratações e do levantamento de dados A disputa pela informação — com agilidade e qualidade — marca uma “guerra” interna dos clubes pelo mundo. O objetivo? Chegar antes e aproveitar oportunidades na contratação de jogadores, técnicos e joias da base. Essa concorrência mira uma coisa em comum: ter ferramentas para tomar a melhor decisão. No Atlético-MG, o departamento responsável por isso foi repaginado por Alessandro Brito, hoje homem forte do futebol do Botafogo. Os times são rivais na final da Conmebol Libertadores.
Conheça o Centro de Informações do Galo, que orienta as contratações do Atlético-MG
Imagens: Fabiano Sperandio.
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Mazzuco relembra como tirou Alessandro Brito do Atlético-MG
O Novo CIGA – Centro de Informação do Galo – tem papel importante no dia a dia. Auxiliou na contratação de Gabriel Milito e tem participação ativa no futebol atleticano. No ge, trazemos detalhes exclusivos do setor e uma entrevista com o gerente de mercado do clube, Rodrigo Weber.
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A história do CIGA
A inauguração do novo setor ocorreu no dia 18 de maio de 2021. Antes, o departamento só auxiliava na análise de mercado. Com a chegada de Alessandro Brito ao Galo, no início de 2021, os processos mudaram.
O CIGA passou a ser divido em quatro setores: captação (voltado para as categorias de base); análise de desempenho (que engloba todas as categorias a partir do sub-15 até o profissional, do Clube e também de adversários); analytics (que avalia jogadores com minutagem em jogos profissionais, independentemente da idade; e mercado, que já existia.
A sala do CIGA
André Ribas/ge
O principal propósito era — e segue sendo — embasar as decisões do clube nas questões ligadas ao futebol, através da utilização de modernas ferramentas de análise.
Alessandro Brito deixou o Galo em 2022 para assumir um cargo no Botafogo, adversário do time mineiro na final da Conmebol Libertadores. Hoje, é o homem-forte no departamento da equipe carioca, chamando a atenção pelos movimentos no mercado.
— Minha relação é de anos com Alessandro: ele trabalhava no Athletico-PR, eu no Coritiba. Sempre tínhamos vontade de trabalhar juntos. Isso ocorreu em 2019, quando assumo Paraná Clube como diretor-executivo, e ele como gerente de mercado. É uma função que exige alguém de confiança. É fundamental nos clubes – explica André Mazzuco, atual diretor do Inter.
Alessandro Brito, novo analista do Botafogo
Reprodução/Instagram
— Quando assumo o Botafogo, o Textor me permite uma vaga para trazer alguém da minha confiança. Ele até pergunta: “Você conhece um head-scout bom?” Até brinquei que conhecia o melhor, mas seria difícil trazer. Ele estava no Atlético, que vinha de um ano maravilhoso. Foi uma série de conversas e conseguimos reeditar essa dupla. Um trabalho qualificado e profissional – completou Mazzuco, responsável por levar Brito ao Botafogo.
No Atlético, Rodrigo Weber foi esportivao escolhido para assumir a função na coordenação do CIGA. Jornalista com experiência na cobertura esportiva, Weber trabalhou na FIFA e no Internacional.
Após se especializar, migrou para a área observação técnica. Na função, trabalhou em clubes como Coritiba e Internacional até chegar ao Galo, em 2022.
— Weber chegou ao Coritiba em um momento importante. Veio bem referendado pelo trabalho que vinha fazendo no Internacional. É um cara que tem um profundo conhecimento do futebol sul-americano. Muito bem preparado – disse Paulo Thomas de Aquino, ex-dirigente do Coritiba.
“Quem me oportunizou foi o Rodrigo Caetano. Eu havia trabalhado com ele no Internacional, no departamento de mercado. Ele me convida para assumir a função. Encontrei um clube extremamente bom. Tive a sorte de vir no momento que o clube estava se preparando para virar SAF (Rodrigo Weber, ao ge).
Rodrigo Weber, Gerente de Mercado do Atlético-MG
André Ribas/ge
A estrutura do CIGA
O Ciga conta com 14 profissionais no departamento, sendo três coordenadores — todos sob o direcionamento de Rodrigo Weber.
A Análise de Desempenho é chefiada por Gustavo Nicoline. Matheus Dupin e Alexandre são os analistas responsáveis por colher informações do Atlético, de dia a dia, parte tática, técnica, coletiva, e da análise dos adversários.
Rotina dos profissionais do CIGA
André Ribas/ge
A operação de Mercado é chefiada por Pedro Picchioni. Na equipe, estão Edgar Albino, João Hygino, Pedro Ivo (no Rio de Janeiro) e Leandro Miranda (em São Paulo). É o setor que mapeia atletas, avalia possíveis reforços, oportunidades no mercado e faz a análise do elenco.
No setor de Análise de Dados, o Atlético foi pioneiro no Brasil. Outros clubes já tinham profissionais, mas nenhum com um departamento exclusivo. Ele conta com a coordenação de Rodrigo Picchioni, com os analistas Léo Martins, Sérgio Pessoa e Gabriel Valadão.
Organograma do CIGA
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O funcionamento
O CIGA é parte importante do futebol atleticano, mas não é ele que toma decisões. Ele não contrata e não vende ninguém, só oferece suporte de informações para a tomada de decisão.
Em relação a reforços, apresenta nomes, por exemplo, conforme as características buscadas. Fornece um relatório completo do jogador (comportamental, tático, financeiro e técnico) e pode chegar a opinar sobre um nome, se é positivo ou não, mas, a decisão final, cabe ao comitê de futebol.
— O CIGA é um departamento de informação do Atlético-MG, subsidiário do departamento de futebol. É um braço que trabalha em várias frentes. Tanto na parte do campo, com análise de desempenho, quanto na parte do mercado, com o scout do clube, inclusive a base. E na área de dados, dando suporte em várias áreas do clube. E em projetos especiais. Tentamos levar o máximo de informação possível, para que os tomadores de decisão, tenham confiança — disse Weber.
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Paulinho foi um desses nomes que passaram pela indicação do departamento. Um ano antes de ser contratado, o CIGA via como bons olhos a contratação.
Outro ponto que pesou para a decisão foi que o contrato do atacante, que estava na Alemanha, chegaria ao fim em um curto prazo. Após toda essa análise e um relatório minucioso, o diretor de futebol da época, Rodrigo Caetano, entrou na jogada.
— O Mérito do CIGA foi levar o nome ao Rodrigo Caetano. Era março ou abril de 2022. Sugerimos. O contrato estava para terminar na metade de 2023. Mas quem tem o grande mérito foi o Caetano. Ele acreditou que ele tinha essa qualidade. Teve o poder de convencimento, de mostrar para o Paulinho que, no Atlético, ele poderia recuperar o bom futebol.
Jogadores como Paulinho e Scarpa costumam estar no banco de dados de boa parte dos clubes do Brasil. O trabalho do CIGA também tem relação com descobrir talentos e jogadores que não estão no radar dos tomadores de decisão, mas pode render frutos ao clube.
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O colombiano Brahian Palacios se encaixa neste perfil. Ele estava no Atlético Nacional, da Colômbia. O clube buscava um extremo de velocidade, jovem, que pudesse contribuir com o elenco e com perspectiva de uma venda no futuro. Foi nessa ideia que o CIGA apresentou o atacante ao comitê de futebol atleticano.
— O nosso planejamento prevê ter jogadores experientes, mas também de ter ativos, jogadores que podem ser vendidos no futuro. Esse equilíbrio buscamos a todo tempo. O Brahian foi um desses casos. Um jogador que identificamos um potencial.
“Ele tinha as características buscadas naquele momento. Trouxemos com o intuito de terminar de desenvolver, dar o tempo para adaptação. Assim que ele começar a performar, acreditamos que ele possa ser um jogador a ser utilizado no mercado.”
Brahian Palacios, atacante do Atlético-MG
Pedro Souza / Atlético
Um exemplo claro de como funciona o trabalho é a contratação de Gabriel Milito. O Atlético tinha acabado de demitir Felipão – nome buscado para um momento específico que o clube passava.
Coube ao CIGA, pela primeira vez, participar do processo de contratação de um técnico na equipe. A busca começou com mais de 500 nomes. Diminuiu para 20 e chegou em quatro profissionais.
Nesse processo de identificação, com a ajuda de dados, Milito se enquadrou em todos os requisitos, conforme mostra relatório apresentado ao técnico.
— O processo de contratação de Gabriel Milito foi o primeiro onde o CIGA teve uma participação ativa na escolha do treinador. Foi um processo bem profundo para chegar ao nome dele. Baseado em dados, do que vimos dos times deles.
Processo de identificação de Gabriel Milito no Atlético
Reprodução
Clube fez uma análise de dados para a contratação do treinador.
Reprodução
O processo envolveu análise de dados, análise qualitativa (17 jogos foram vistos), análise de entrevistas, modelo de jogo, identificação e como seria o encaixe com o elenco.
Depois do nome ser aprovado por quem toma a decisão, Weber viajou com o diretor de futebol, Victor Bagy, para negociar com Gabriel Milito. As conversas avançaram em poucos dias até que ele fosse oficializado.
Existia uma preocupação grande na questão de acertar no nome em relação à adaptação, já que, recentemente, outros estrangeiros tiveram dificuldades em alguns fatores.
Modelo de jogo do Gabriel Milito, segundo levantamento do Galo
Reprodução
O clube defende um processo a longo prazo, o Galo30. As bases: sustentabilidade, saúde financeira, investimento e sucesso, conquistas, até 2030.
O projeto do Atlético até 2030
Reprodução
No sábado, o Atlético pode dar um passo importante. Sob o comando do argentino, busca o bicampeonato da Conmebol Libertadores e o primeiro título de relevância desde a oficialização da SAF atleticana.
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