Entenda porquê o rio Madeira continua batendo mínimas históricas mesmo com chuvas em Rondônia


Temporais provocam ventanias e alagam ruas nas cidades do estado; apesar disso, o Madeira continua sequioso, já que a maior secção da vazão rio vem do Peru e da Bolívia. Moradores observam o Rio Madeira durante a estação seca em Humaitá, no Amazonas, no dia 7 de setembro de 2024.
Edmar Barros/AP
Chuvas intensas e temporais causam estragos em Rondônia há semanas. Apesar disso, o rio continua batendo níveis mínimos históricos porquê na última sexta-feira (11), de 19 centímetros. O cenário é explicado pela geografia: a maior secção da vazão do Madeira vem do Peru e da Bolívia.
As chuvas começaram a tombar no estado em setembro, depois meses de estiagem. Em poucas semanas houve um reunido de 75 mm de precipitação somente em Porto Velho, de combinação com o Instituto Vernáculo de Meteorologia (Inmet).
Essa quantidade é o primeiro volume considerável em pelo menos quatro meses. Em junho e julho não ocorreram chuvas na capital de Rondônia. Já em agosto choveu unicamente 16 mm.
O engenheiro hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Guilherme Cardoso, explicou ao g1 que somente a chuva nos rios Útero de Dios e Beni influenciam significativamente no nível do rio Madeira.
“O Madeira depende quase que exclusivamente das chuvas que caem na Bolívia e no Peru, onde estão os rios Beni e Útero de Dios. Eles são os verdadeiros fornecedores de chuva para o rio, e quando não chove nas cabeceiras andinas, o Madeira cá em Rondônia não sente os efeitos das chuvas locais”, respondeu.
O técnico explicou que murado de 70% da vazão do rio Madeira vêm das regiões de cabeceira na Bolívia e no Peru. Isso faz com que o rio funcione porquê uma “artéria” conectada diretamente ao “coração” das montanhas desses países. Quando não chove lá, o “corpo” do rio cá enfraquece, independentemente do volume de chuva que cai sobre Rondônia.
Enquanto o rio permanece grave, as chuvas caem sobre cidades de Rondônia. Ventos arrancam telhados e arrastam carros, porquê ocorreu em Governador Jorge Teixeira, onde um temporal na última semana causou estragos. A sujeição climática das regiões andinas é o que mantém o Madeira em seu estado de crise, porquê destaca o engenheiro hidrólogo Guilherme Cardoso:
“Não há previsão de melhora no limitado prazo. O nível do rio só vai se restabelecer quando as chuvas voltarem a tombar nas cabeceiras. Segundo o Serviço Vernáculo de Meteorologia e Hidrologia [da Bolívia] tanto da Bolívia e do Peru indicaram chuvas aquém da média para essa próxima quinzena de outubro”.
A vida paralisada
Pela primeira vez na história, o Porto de Cargas de Porto Velho, vital para o escoamento de produtos porquê soja e biocombustíveis, foi paralisado.
As operações foram suspensas no dia 23 de setembro, à medida que o rio se tornou inavegável para grandes embarcações. O porto continua parado, afirmou a assessoria que faz a gerência do porto.
“Os armadores e operadores portuários continuam aguardando o nível do rio apresentar melhores condições pra navegação. Por enquanto seguem com as atividades de movimentação de cargas interrompidas”, informou a gestão do lugar.
Seca rio Madeira 2024
Rede Amazônica
Ou por outra, os moradores das comunidades ribeirinhas viram os poços amazônicos secos, assim porquê o rio. Sem entrada à chuva, eles dependem de carregamentos enviados pela Resguardo Social Municipal e as secretarias de assistência social de Porto Velho e do estado de Rondônia.
Ribeirinhos agora caminham por antes era verosímil caminhar de paquete. A imensidão de chuva se transformou em um deserto de areia.
A seca tem forçando os moradores do província de Calama, em Porto Velho, a desenvolverem novas estratégias de navegação. Pescadores, porquê Moises Correia, usam as hélices de embarcação para gerar “caminhos” na vasa.
Moises, que vive há 15 anos em Calama, conta que os pescadores precisaram se organizar para manter uma rota de entrada ao porto. Com o rio cada vez mais sequioso, eles começaram a usar as hélices de suas voadeiras para trinchar a vasa, criando um via. (Assista aquém)
“Em todos esses anos cá, nunca vi o rio nesse estado. Os lagos estão secos, e a boca do rio, na ingresso do Amazonas não dá mais para passar embarcação grande”, relata o ribeirinho.
Seca histórica: Pescadores “criam” galeria em meio à vasa do rio Madeira
Monitoramento do nível das águas
Atualmente, o rio Madeira é monitorado por três estações da Rede Hidrometeorológica Vernáculo (RHN), operadas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), na Residência de Porto Velho (REPO). Elas são equipadas com sistemas automatizados, réguas linimétricas e pluviômetros.
O monitoramento integra o Sistema de Alerta Hidrológico do Madeira (SAH Madeira), disponível na plataforma Sace, no site do SGB.
🔎 Os dados sobre o nível e a vazão são coletados a cada 15 minutos e o comportamento do rio é analisado com base em previsões de chuva, gerando boletins com prognósticos da bacia e previsões dos níveis do rio.
Rio Madeira verdejante
Gladson Souza/Rede Amazônica
O Sistema Sace, usado pelo SGB para monitorar os principais rios no Brasil fez alterações nas suas legendas dentro do sistema. Em outubro foi implementada uma função que permite a representação da situação de estiagem nas estações da bacia pela primeira vez. Antes, o sistema indicava unicamente a situação de enxurro.
“Essa mudança ajuda a entender em que tempo de seca o rio se encontra. O monitoramento contínuo é fundamental para que as autoridades e a população possam escoltar a seriedade da situação e planejar medidas preventivas ou de mitigação, caso o nível do rio continue a tombar”, explica Guilherme Cardoso.
Segundo o engenheiro hidrólogo, ao contrário das cotas de inundação, que seguem critérios muito definidos pela Coordenadoria Municipal de Proteção e Resguardo Social (Compdec), as cotas de estiagem não têm um critério tão específico.
“Para gerar essa representação no sistema, a equipe do SGB se baseou na prestação mínima histórica, atingida durante a última seca severa, e na prestação de permanência de 10%, que indica o nível aquém do qual o rio permanece em condições de seca extrema.”
A modificação no sistema foi feita em outubro, desde logo, o seguimento das condições do rio Madeira se tornou mais detalhado, facilitando a geração de relatórios e boletins que mostram com mais precisão o comportamento do rio durante os períodos de estiagem.



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