Façanha no segundo ano do técnico Ceni | Blog Entre as Canetas
Evidente que futebol não é ciência exata e, uma vez que diz a sabedoria popular, ninguém ganha de véspera. Mas depois de mais uma vitória do Fortaleza, fora de vivenda, nesta sexta diante do Brasil, em Pelotas (1 a 0), parece impossível pensar na hipótese de o tricolor cearense não terminar a Série B no G-4, e, portanto, voltar à escol do futebol brasiliano. E, evidente também, muito dessa façanha – para um time que poucos apontavam sequer com chances de subir – se deve ao trabalho de grande qualidade do treinador Rogério Ceni. Subir já seria uma valorização mega numa curso que completa dois anos no término de 2018 – e um ano no Fortaleza em novembro, que começou à vera em janeiro, com belo cartão de visitas no amistoso fora de vivenda contra o Gama-DF (aquém). Mas a tendência é que, além da volta, Ceni ainda carimbe sua primeira taça em contextura vernáculo na sua novidade curso.
O time de um dos maiores ídolos da história do São Paulo já dava indícios de ter atingido um patamar novo e surpreendentemente rápido no Estadual, embora tenha ficado o sabor amargo de perder a taça para o rival Ceará. A consolidação veio no Brasiliano, onde assumiu a ponta na 5ª rodada e dela não mais saiu. Isso com a salvaguarda de que o clube não está sequer entre os oito que mais investiram para a Série B. Times com mais tradição recente na Primeirona, uma vez que Figueirense, Ponte Preta, Goiás e Coritiba têm comido a poeira deixada por Ceni e seus soldados.
O treinador não é mágico e nem tem um único sigilo ou fórmula para o sucesso. Um caminho para decifrá-lo é o sabor que ele tomou pelo clube – desde o início, além de montar o time, Rogério cuida da estrutura do futebol, serpente da diretoria, senão gastos, mas interesse e solução dos problemas mínimos e básicos – o que para o ex-goleiro nem é tão difícil porque, com a experiência de décadas num dos clubes de maior tradição do continente, os caminhos são muito claros.
Em campo, o sucesso pode descrever, em termos de talento bruto, com pouco mais do que o eficientíssimo atacante Gustavo, o Gustagol, terceiro bombeiro da Série B até cá. Mas se o talento não é volumoso, a figura imponente de Ceni teve enorme influência para os jogadores correrem, lutarem, darem 110% do que podem fisicamente e, principalmente, entendem o que o técnico quer – nem sempre conseguem executar à risca. Porque não conseguem, nunca porque não querem ou porque duvidam dele.
Ceni não mudou a origem do que tentou fazer em sua estreia na função no Morumbi: combater e ter posse de globo. Só que no São Paulo, mesmo ele sendo quem é, Ceni se viu obrigado a incluir na receita o substância “resultados rápidos”. No Fortaleza, sem tamanha pressão, esse substância virou consequência e veio… rápido. Por um motivo, esse sim, fundamental: onde se lê “posse”, é imperioso intercalar com “passe”. Rogério tem fixação pela qualidade nesse fundamento e, com muito treino, o Fortaleza é um dos melhores, não da Série B, mas do país.
A alegria da torcida e do próprio Ceni justificam-se também se olharmos para o pretérito recente. Depois de 8 anos batendo na trave a passagem da Série C para a B, o clube está pela matemática de quebrar uma escrita de 5 anos sem que um time suba para a escol logo na primeira temporada – o último foi em 2013, a réplica Chapecoense.
A campanha, as circunstâncias e o tamanho do protagonista certamente despertarão cobiça para 2019. E, é evidente, o Fortaleza vai querer ter Ceni contra os gigantes no ano que vem. Por sua trajetória e postura profissional, a lógica é que o treinador queira continuar, até porque seria réplica, num Brasil caótico no quesito perenidade de trabalhos de treinadores, que ele pudesse completar duas temporadas no mesmo time. Melhor ainda se ele não terminar no Z-4, ou se fizer até mais bonito, uma vez que está fazendo, por exemplo, Adilson Batista no América-MG.
Talvez essa decisão, caso surjam boas propostas para ele, seja mais difícil para Ceni tomar do que terá sido ser vencedor da Série B com a qualidade desta campanha.
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