Faculdade importa cabeças congeladas dos EUA para aulas de harmonização facial; entenda
Escola com unidade em Campinas (SP) importa cadáveres dos Estados Unidos preservados pelo procedimento ‘fresh frozen’ para ensinar procedimentos cirúrgicos aos alunos. Imagem de protótipo viva representando procedimento visando harmonização facial
Freepik
A harmonização facial é um procedimento estético que envolve uma série de aplicações e técnicas que promete deixar o rosto do paciente mais proporcional. Para aprender tais processos são feitas aulas práticas em cadáveres preservados em formol, mas uma faculdade com unidade em Campinas (SP) tem importado cabeças humanas congeladas dos Estados Unidos para uso no ensino.
A legislação do Brasil permite a doação de corpos com objetivos científicos ou altruísticos, mas são poucas as pessoas que fazem essa doação. Assim, algumas unidades de ensino começaram a importar cadáveres, mediante autorização do governo.
📲 Participe do meio do g1 Campinas no WhatsApp
No Brasil somente duas instituições utilizam cadáveres que passam pela técnica de conservação por frigoríficação chamada ‘fresh frozen’, e uma delas possui unidade em Campinas.
Para saber porquê funciona, as vantagens da utilização da técnica e os cuidados necessários, o g1 conversou com a cirurgiã-dentista e professora na Faculdade CTA, Erika Bueno Camargo.
“Nós utilizamos a técnicas de harmonização facial no morto para que o aluno tenha a segurança na hora de infligir em um paciente”, explica a professora.
Vale ressaltar que não são permitidos fotos ou vídeos das cabeças congeladas usadas para fins educacionais – os alunos, inclusive, são proibidos de entrar com celulares e outros equipamentos eletrônicos nos laboratórios.
🌎 Cabeças importadas
Erika explica que as cabeças congeladas são importadas dos Estados Unidos, fruto de uma autorização realizada pelo próprio paciente que indica o que fazer com o corpo depois da morte.
Mal a instituição as adquire, elas vão para a sede da faculdade em São Paulo, todas com registros, para em seguida serem redirecionadas para as outras unidades, porquê Campinas, onde ficam guardadas em freezers e retiradas para as aulas.
“Ela vai insistir alguns meses e é muito faceta”, pontua.
Uma peça, porquê a cabeça é denominada pela técnico, pode ser utilizada várias vezes, mas em determinado momento, quando não é mais provável devido ao estado de deterioração, há todo um protocolo para o reenvio de volta aos Estados Unidos
“Com o passar do tempo o morto não tem um cheiro aprazível, aí a gente avalia que deve descartar […] quando a epiderme sai do morto, ele fica desprotegido e tem um cheiro mais possante”, diz.
LEIA MAIS
Da medicina à dança: saiba porquê é o uso de corpos humanos doados para pesquisas e por que baixa adesão afeta ciência
Harmonização facial: o que é e porquê é feito o procedimento polêmico que promete rosto jovem e proporcional
O botox pode ser aplicado pelo dentista técnico em harmonização orofacial.
Pexels.
👩👨 Mais próximo do corpo vivo
A professora explica que a técnica do ‘fresh frozen’ preserva os cadáveres exclusivamente por frigoríficação, sem utilizar qualquer resultado químico que pode mudar as características naturais.
Dissemelhante dos métodos tradicionais encontrados em faculdades da extensão médica, no qual são utilizados cadáveres preservados em formol para fins de pesquisa e ensino, o procedimento de frigoríficação consegue, segundo a professora, “se aproximar com mais fidelidade a uma pessoa ainda viva”.
“A cabeça é perfeita, logo o aluno tem essa sensação de conseguir passar o fio de PDO, o ácido hialurônico, e o subcutâneo do ‘fresh frozen’ e sentir porquê seria no paciente de verdade”, detalha.
A cirurgiã lembra que ainda existe a rigidez cadavérica na segmento de músculo, no entanto, a segmento subcutânea “os alunos conseguem sentir exatamente”.
“Antes de o aluno fazer em um ser vivo, ele pode errar o que tiver que errar no morto, porque o morto está lá exatamente para ele aprender”, reforça.
Para estender o tempo de uso, Camargo explica que são injetados gel de cabelo em vez dos produtos verdadeiros, por exemplo, para conseguir tirar depois. E até mesmo os fio de PDO (material biocompatível e absorvível, usado em procedimentos no rosto) são retirados para deixar a cabeça “pronta para o próximo aluno poder utilizar”.
🏳 Reverência e psicologia
A professora explica que há toda uma preparação também para o aluno antes de entrar nos laboratórios de anatomia.
Tanto para as pessoas que acabam demonstrando repulsa e se negando a mexer no corpo, porquê eventuais abusos com imagens.
Assim, para minimizar o impacto psicológico no aluno, toda vez que uma lição é realizada em laboratório, é feita uma prece em saudação à peça que não tem cunho religioso, mas faz uma mostra de saudação à peça.
Aliás, os alunos são proibidos de entrar com celular para evitar que alguém tire fotos ou filme as peças e divulgue-as nas redes sociais.
A VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Publicar comentário