Haddad diz que isenção do IR vazou antes da hora, e não adianta se queixar do mercado

Ministro da Fazenda lembrou que a ampliação da faixa de isenção do IR para R$ 5 mil é um compromisso de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e reafirmou que a proposta só será discutida em 2025

SUAMY BEYDOUN/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDOSAO PAULO, ALMOCO ANUAL, FEBRABAN
Haddad voltou a reiterar que o governo não quer arrecadar mais, mas sim de forma mais justa

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (29), que lamentou o vazamento à imprensa da proposta elaborada pelo governo de alteração no Imposto de Renda. Segundo Haddad, a divulgação da medida com o pacote de contenção de gastos, sem uma explicação prévia das autoridades, gerou um problema de leitura pelo mercado.

Pela primeira vez na história, o dólar ultrapassou o nível de R$ 6 nesta semana. Nesta sexta-feira (29), a moeda norte-americana fechou as negociações cotada a R$ 6,001 – avanço de 0,20%. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,115. A cotação da moeda começou a cair só depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o do Senado, Rodrigo Pacheco, terem vindo a público dizer que a mudança do IR ficará para depois de ser resolvido o pacote de corte de gastos.

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“Não adianta se queixar do mercado. Ah, o mercado leu errado. Cuida da comunicação, não deixe a informação vazar. Quando vazar, tem uma autoridade constituída para explicar, e aí você não vai ter problema. Mas, de fato, o que me contrariou é o fato de não ter sido explicado da maneira correta. É o fato de que você permitiu uma leitura muito equivocada do que estava sendo proposto”, disse em entrevista à Record News.

O ministro avaliou que o arrefecimento da alta do dólar hoje se deu justamente pelas explicações que estão sendo dadas pelo governo em relação às medidas anunciadas. “Uma coisa é a reforma da renda, que é neutra do ponto de vista fiscal. O que quer dizer isso? Se nós demos isenção para quem ganha menos de R$ 5 mil, isso tem de ser compensado por quem ganha mais de R$ 50 mil e não paga. Então tem de encontrar um equilíbrio. As medidas fiscais, não. Essa é para conter a despesa mesmo”, explicou.

‘Discussão para o ano que vem’

Haddad lembrou que a ampliação da faixa de isenção do IR para R$ 5 mil é um compromisso de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e reafirmou que a proposta só será discutida em 2025. “Isso é uma proposta que o presidente Lula se comprometeu a encaminhar para o Congresso Nacional e que vai ter lá o ano que vem para ser discutida. O ano que vem tem várias vantagens. A pauta do Legislativo está mais leve. Nós vamos ter votado muita coisa nesses dois anos, então a pauta vai estar mais tranquila. Segundo lugar: não tem eleição no ano que vem. Está todo mundo tranquilo para se debruçar sobre o assunto e ver o que é justo”, afirmou.

A proposta de ampliação da isenção do IR representa um impacto de R$ 35 bilhões, que será compensado, em parte, pela taxação de rendas superiores a R$ 50 mil por mês. Haddad observou que uma renda superior a R$ 1 milhão anual é grande em qualquer lugar do mundo e que o presidente Lula busca distribuir melhor o peso dos impostos.

Ele voltou a reiterar que o governo não quer arrecadar mais, mas sim de forma mais justa, e ponderou que o Congresso terá tempo, meses para discutir sobre o IR. “Eu penso que deve ser valorizado esse gesto do presidente por uma simples razão. Outros presidentes prometeram fazer isso, e nenhum sequer tomou a iniciativa de mandar para o Congresso Nacional”, afirmou.

*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira



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