Jesus está voltando, plante uma árvore – 17/10/2024 – Cotidiano

John Morales, meteorologista perito em furacões, chorou ao falar sobre o furacão Milton em uma emissora no sul da Flórida. Dias depois, Rachel Krahenbuhl, enviada para tapulhar os estragos do furacão, embargou a voz e também chorou ao vivo na Globonews, sendo consolada pela apresentadora Andrea Sadi.

O sentimento que está se propagando é o de que podemos ser varridos da superfície da Terreno. O que antes parecia conversa de religiosos se tornou uma preocupação cada vez mais frequente em círculos científicos: o mundo pode, de vestimenta, findar para os humanos, e estamos falando de um cenário que pode se concretizar nas próximas décadas.

Cristãos divergem sobre os detalhes do término do mundo, mas mantêm uma atitude esperançosa. O evangelho de Lucas sugere que os cristãos enfrentem os cataclismos, fomes e guerras —sinais do término dos tempos— de cabeça erguida, com a expectativa de que a salvamento finalmente se aproxima.

Mesmo diante das dificuldades previstas, os cristãos são convidados a encarar o porvir apocalíptico com esperança. A crença de que o término trará um novo primórdio contribui para a coragem e a serenidade com que muitos lidam com um tema que gera sofreguidão na população em universal.

Essa crédito na proteção divina em meio a eventos catastróficos é a base para a imperturbabilidade quase estoica dos cristãos. As palavras de Jesus são frequentemente lembradas: “Portanto, lhes disse: Levantar-se-á pátria contra pátria e reino contra reino; haverá grandes terremotos, epidemias e penúria em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do firmamento. Mas, não se perderá um só fio de cabelo da vossa cabeça” (Lc 21.10,11,18).

Para quem observa de fora e não compartilha desse sistema de crenças, a tranquilidade com que o término do mundo é discutido entre evangélicos pode tanger porquê desatino ou arrogância, porquê se se julgassem mais estimados por Deus. No entanto, estimar um sistema de crenças fora de sua lógica e contexto é, por si só, uma arbitrariedade.

Foi na crédito na proteção divina que os cristãos do Predomínio Romano encontraram forças para enfrentar a perseguição, prisão e até o martírio no Coliseu. Hoje, no Brasil, a esperança no retorno de Jesus e no desvelo divino floresce entre evangélicos de periferias, que encontram na fé um recurso cognitivo e emocional para enfrentar a violência e as inseguranças cotidianas.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu, em 2022, o impacto das mudanças climáticas sobre a saúde mental das populações. Em suas diretrizes, a OMS recomenda mobilizar saberes tradicionais presentes nas comunidades locais, capazes de promover resiliência psicossocial. Com mais de 2.000 anos de história lidando com o tema das catástrofes, o cristianismo é um saber tradicional que merece ser considerado, mormente por sua presença em todo o território vernáculo.

O sociólogo Max Weber observou que as religiões são construções históricas, mais do que lógicas, e essa visão é valiosa para entender a postura dos evangélicos diante do término do mundo. A crença de que ao término se seguirá um novo primórdio e de que zero ocorre sem a permissão divina não gera indiferença, porquê se esperaria sob um ponto de vista puramente lógico.

A esperança no retorno de Jesus, além de oferecer resiliência emocional diante das catástrofes, pode dar novo significado às ações para enfrentar a crise climática. O teólogo inglês N.T. Wright cunhou o lema que usei no título deste cláusula: “Jesus está voltando, plante uma árvore.” A teoria é simples: se toda a natureza será restaurada com a volta de Jesus, por que não reafirmar essa crença colaborando com a restauração desde já?



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