Litoral brasiliano sofre devastação crescente com progressão do mar apressurado por mudança climática
O assoreamento do rio Paraíba do Sul, cuja foz fica na região, passou a impedir a chegada de areia à praia de Atafona, um região do município de São João da Barra (RJ). A tira litorânea diminuiu e o mar passou a progredir sobre ruas, casas e negócios.
Sônia Ferreira, de 80 anos, construiu sua morada a duas quadras da praia quando decidiu mudar para Atafona em 1997. Em 2019, teve de abandoná-la quando o mar derrubou o muro e começou a progredir para as paredes.
“Eu fico muito triste de chegar até cá, eu tenho evitado de vir. Porque as lembranças a gente tem, mas é de uma maneira triste”, diz Sônia ao visitar o sítio onde ficava sua morada, que foi destruída.
Atafona é talvez o exemplo mais sabido no Brasil das consequências dos impactos ambientais, e que agora se agravam com as mudanças climáticas e eventos cada vez mais dramáticos.
Segundo o relatório da ONU “Mares revoltos em um mundo em aquecimento”, divulgado leste mês, o nível regular do oceano subiu 13 centímetros na região nos últimos 30 anos e pode subir mais 16 centímetros até 2050. Isso, coligado ao assoreamento do rio Paraíba do Sul, resultou no sinistro enfrentado hoje pela população sítio.
“O relatório da ONU que foi divulgado recentemente sobre as cidades litorâneas que estão sob impacto direto do progressão do mar projeta um cenário associado de erosão costeira e inundação marinha. Áreas, porquê em Atafona, que sofrem com um problema crônico e extremo da erosão costeira, têm uma projeção para que, em 28 anos, percam ainda tapume de 150 metros lineares de suas áreas litorâneas”, afirma Eduardo Bulhoes, geógrafo pelágico da Universidade Federalista Fluminense (UFF).
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