Marçal, a conta dos meus erros e acertos nunca será atribuída ao gênero
Pensa só quantos de nós não reproduzimos, ainda que de forma inconsciente – em olhares, gestos, ou mensagens de WhatsApp-, o mesmo raciocínio que faz uso do termo “feminino” para julgar um menino que, por exemplo, prefere galhofar de boneca a jogar futebol, ou atribuir funções de zelo e limpeza a uma rapariga que só pensa em estudar. Não é só o Marçal que vê sentença em diploma de promanação. E é por isso que devemos estender a questão para além dos personagens da semana.
Recentemente, no podcast Moca da Manhã, da Folha de S.Paulo, a escritora e figurinista Thaís Farage deu uma entrevista sobre a valia da tendência nas campanhas para prefeito, governador ou presidente. Ao ser questionada sobre qual a roupa certa para uma mulher em espaços de poder, ela responde: “Ser varão”.
Se essa, portanto, é nossa verdade, uma vez que mudá-la? Não tenho a resposta, mas imagino que tirar proveito das falas dessa campanha, procurando-as em nós e nos quadros do Congresso – ou seja, em quem elegemos – ao invés de exclusivamente criticá-las, seja mais inteligente.
Não que, com isso, eu vá me perdoar dos inúmeros atos de estupidez que cometi até cá. Renda, dava para fazer um livro, um verdadeiro manual de tudo que eu não aprendi com manuais, de véus de que só com o tempo fui capaz de furar mão. De qualquer forma, não acho que essa conta – a dos meus erros e acertos – possa ser terceirizada, e atribuída ao gênero. Seria mais fácil, admito. Teria menos raiva das horas que já perdi por preconceito, teimosia e exiguidade de autocritica.
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