MPSC denuncia policial e segurança por morte em boate de SC

O policial militar Rafael Azevedo de Souza e o segurança Gean Carlos dos Santos foram denunciados, nesta terça-feira (15), pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) por conta da morte do empresário Thiago Kich de Melo, 28, que foi baleado pelo PM e pisoteado pelo segurança na boate Sex Night, no Núcleo de Florianópolis, no dia 8 de outubro.

Rafael Azevedo de Souza e Gean Carlos dos Santos, policial e segurança envolvidos na morte de Thiago Kich de Melo, foram denunciados pelo Ministério Público de SC – Foto: Reprodução/NDRafael Azevedo de Souza e Gean Carlos dos Santos, policial e segurança envolvidos na morte de Thiago Kich de Melo, foram denunciados pelo Ministério Público de SC – Foto: Reprodução/ND

Policial e segurança são denunciados

A denúncia, protocolada pela 37ª Promotoria de Justiça da Capital, alega que Rafael, ao atirar na vítima, teria utilizado de um recurso que dificultou a resguardo. Ainda, essa ação poderia ter posto em risco a vida das pessoas que estavam aglomeradas no lugar, que era pequeno.

O MPSC também entende que Gean, ao pisotear Thiago sequencialmente depois da vítima ter sido baleada, empregou meio cruel e, por conta da “brutalidade imoderada”, gerou sofrimento desnecessário à vítima.

Agora, a denúncia precisa ser aceita pela Justiça para que eles sejam submetidos a julgamento perante o Tribunal do Júri. O policial e segurança estão presos preventivamente desde o dia do transgressão – Rafael está no 4º Batalhão da PM em Florianópolis, enquanto Gean está na Penitenciária da Capital.

As defesas do policial e segurança ainda não se manifestaram sobre a denúncia, mas o espaço segue desobstruído para quaisquer pronunciamentos.

Relembre o caso

Vídeos divulgados pelo ND Mais posteriormente o caso mostram o momento da confusão entre cliente, policial e segurança.

As imagens mostram Thiago tentando transpor da boate para encontrar três amigos que estavam fumando do lado de fora. Os quatro haviam entrado juntos na boate por volta das 2h. No entanto, Gean empurra Thiago próximo ao balcão para impedi-lo de transpor.

Nesse momento, a comanda, que estava no valor de R$ 1801,80, não havia sido paga. No empurrão, Thiago acaba derrubando a sua bebida na roupa de Gean. Os amigos retornam para dentro da boate e, logo, inicia-se a discussão que gerou a bulha e terminou com o empresário morto.

Veja o início da discussão que gerou a bulha na boate:

Momentos antes da bulha generalizada que resultou em empresário morto na boate Sex Night – Vídeo: Reprodução/ND

Thiago foi pisoteado posteriormente ser baleado em bulha

Em meio à confusão, Rafael, que estava à paisana, saca uma arma de queimação e dispara em direção contra Thiago, que cai desorientada no soalho. O segurança desfere uma sequência de golpes na vítima, que já estava baleada e não resistiu aos ferimentos.

A Delegacia de Homicídios da Capital informou que, em perícia, foi confirmada a morte de Thiago por falência do coração devido ao tiro.

Veja o momento da bulha que resultou em empresário morto:

Vídeo mostra a confusão que terminou em varão pisoteado posteriormente ser baleado – Vídeo: Reprodução/ND

Defesas de policial e segurança alegam legítima resguardo e falta de risco à sociedade

Cristina Azevedo, responsável pela resguardo de Rafael, disse ao Cidade Alerta SC que o grupo de amigos já havia entrado na boate sem a intenção de remunerar pelo que consumiu.

“Eles não tinham verba para remunerar a conta. Quando chegaram, já haviam feito uma confusão para não remunerar a ingresso. Na hora de transpor, já tinham a intenção de não remunerar a comanda porque não tinham verba, não era uma questão de reclamar que o valor era maior ou não”, afirmou a advogada.

Ainda, ela entende que o policial não agiu de maneira equivocada ao sacar a arma e atirar em Thiago: “Ao nosso ver, foi uma legítima resguardo de terceiro. O pessoal, quando agrediu o segurança, estava em cinco pessoas [contra ele sozinho]”, concluiu Cristina.

Cliente que morreu em briga em casa noturna tinha 28 anos - Redes Sociais/Reprodução/ND

Cliente que morreu em bulha em moradia noturna tinha 28 anos – Redes Sociais/Reprodução/ND

Thiago Kich de Melo era empresário em Florianópolis - Redes Sociais/Reprodução/ND

Thiago Kich de Melo era empresário em Florianópolis – Redes Sociais/Reprodução/ND

Thiago Kich era dono de uma lavação de carros com as suas iniciais - Google Maps/Reprodução/ND

Thiago Kich era possessor de uma lavação de carros com as suas iniciais – Google Maps/Reprodução/ND

Marcos Paulo Poeta, jurisperito de Gean, afirmou que o trajo foi “caso solitário” e que o segurança é “pai de família” sem histórico criminal e, por isso, deve responder em liberdade.

“Nós não estamos diante de uma pessoa que gera risco à ordem pública, que possa efetivamente colocar em risco a vida de outro cidadão”, manifestou o jurisperito.

Amigos e familiares de Thiago fecharam Avenida Mauro Ramos na noite seguinte ao transgressão

Amigos e familiares do empresário morto realizaram uma revelação pedindo justiça na noite de quarta-feira (9). Os manifestantes fizeram uma barricada com queimação para bloquear uma das vias da Avenida Mauro Ramos, em frente à boate.

Com uma filete escrita “Eterno TH” (uma vez que a vítima era conhecida) e outra “Queremos justiça”, os manifestantes pediram punição para o policial e segurança, envolvidos na morte de Thiago.

Manifestantes usaram fogo para protestar contra a morte de Thiago - Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram queimação para reivindicar contra a morte de Thiago – Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram fogo para protestar contra a morte de Thiago - Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram queimação para reivindicar contra a morte de Thiago – Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram fogo para protestar contra a morte de Thiago - Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram queimação para reivindicar contra a morte de Thiago – Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram fogo para protestar contra a morte de Thiago - Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram queimação para reivindicar contra a morte de Thiago – Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram fogo para protestar contra a morte de Thiago - Germano Rorato/ND

Manifestantes usaram queimação para reivindicar contra a morte de Thiago – Germano Rorato/ND

Polícia Militar dispersou a manifestação - Germano Rorato/ND

Polícia Militar dispersou a revelação – Germano Rorato/ND

Fogo foi controlado pelos bombeiros, que também limparam a a pista - Germano Rorato/ND

Queima foi controlado pelos bombeiros, que também limparam a a pista – Germano Rorato/ND

Fogo foi controlado pelos bombeiros, que também limparam a pista - Germano Rorato/ND

Queima foi controlado pelos bombeiros, que também limparam a pista – Germano Rorato/ND

Policial estaria fazendo ‘ponta’ de segurança de maneira irregular

Segundo informou a Polícia Social, posteriormente interrogatório de Rafael, ele estaria dentro da boate fazendo segurança privada armada, com uma arma de queimação de sua propriedade.

A prática é proibido, visto que PMs são servidores públicos concursados e o Estatuto dos Policiais Militares de SC proíbe agentes da ativa a trabalharem em organizações e empresas privadas.

Rafael foi recluso em flagrante por homicídio. Em nota, a Corregedoria-Universal da Polícia Militar de SC informou que foi instaurado um sindicância para apurar as circunstâncias que envolveram a presença do PM no lugar e identificar a verosímil incidência de crimes militares conexos.

Sindicato das Empresas de Segurança Privada de Santa Catarina alertou para os riscos da contratação de segurança sem o devido processo adequado - Gabriel Prada/ND

Sindicato das Empresas de Segurança Privada de Santa Catarina alertou para os riscos da contratação de segurança sem o devido processo adequado – Gabriel Prada/ND

Boate Sex Night diz que colabora com as investigações - Gabriel Prada/ND

Boate Sex Night diz que colabora com as investigações – Gabriel Prada/ND

Sindicato ressalta riscos de segurança privada irregular

Em nota, o Sindesp-SC (Sindicato das Empresas de Segurança Privada de Santa Catarina), alertou para os riscos da contratação de segurança sem o devido processo adequado.

“O sindicato reafirma à sociedade catarinense o incessante e diuturno trabalho de cooperar com as autoridades públicas na fiscalização e combate à clandestinidade na segurança privada, além de colaborar com contratantes e gestores de serviços para verificação da regularidade das empresas antes e durante a contratação”, afirmou o Sindesp-SC.

“Neste momento, é importante realçar que a contratação de segurança clandestina é uma prática extremamente arriscada e proibido, que coloca em risco a vida e a segurança de todos. O Sindesp-SC faz um apelo à sociedade para que evite a contratação de seguranças clandestinos e sempre opte por empresas regulamentadas e com alvará de funcionamento emitido pelo Ministério da Justiça e Polícia Federalista”, concluiu a nota.

Boate diz que colabora com as investigações

Em nota, a boate Sex Night ressaltou que colabora com as autoridades e que espera que o caso do policial e segurança envolvidos na morte do empresário seja esclarecido o quanto antes.

Leia a nota na íntegra:

“É com profundo tarar que informamos o falecimento de um cliente ocorrido recentemente dentro de nossas dependências. A equipe e a direção do Sex Night lamentam profundamente essa perda e expressam nossos mais sinceros sentimentos à família e amigos.

Gostaríamos de substanciar que o Sex Night é um espaço que valoriza o saudação e a segurança de todos os seus frequentadores e colaboradores. Reiteramos que não compactuamos, em hipótese alguma, com qualquer ato de violência ou comportamento que coloque em risco a integridade física ou emocional de nossos clientes e funcionários.

Estamos colaborando integralmente com as autoridades para a devida apuração dos fatos e esperamos que todas as circunstâncias envolvendo o ocorrido sejam esclarecidas o mais breve verosímil.

Continuaremos trabalhando para prometer que o Sex Night Club seja um envolvente seguro e hospitaleiro para todos. Agradecemos pela compreensão neste momento tão frágil.”



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