‘O Poço 2’ é pura perda de tempo
São as regras aprendidas por Perempuan (Milena Smit), encarcerada voluntariamente, que logo enxerga as fissuras no sistema. Conceitos porquê justiça ou solidariedade são descartados quando um grupo de fanáticos, em nome da preservação das “leis” severas do poço, aplicam violência sistemática na ilusão de que, ao matar agora, eles podem impedir massacres no porvir.
Todo esse blablablá cria a ilusão de que “O Poço 2” traz alguma profundidade em seu glosa religioso e social, quando, na verdade, o texto não vai além de frases pinceladas dos piores livros de autoajuda. Por mais que o elenco se esforce —além de Milena, temos boas atuações de Hovik Keuchkerian, Zorion Eguileor e da veterana de “Harry Potter” e “Game of Thrones” Natalia Tena—, toda a estrutura poderia facilmente ser encenada em uma peça do escola por adolescentes que ainda não acordaram para a vida.
Esse verniz procura, simples, esconder que “O Poço 2” não passa de cinema trash metido a besta. Todo o exposição e todas as metáforas não conseguem esconder que seus únicos momentos com pulso são as cenas de violência extrema, em que o diretor exercita sua predileção por corpos carbonizados, decapitações, canibalismo e por aí vai. É uma peroração simplória para o proverbial “fundo do poço” civilizatório.
“O Poço 2” não é fruto de uma urgência criativa, e sim da lógica corporativa que enxergou no sucesso do primeiro filme uma boa alavanca para justificar o segundo. Estender uma obra em uma série não é perversão —na verdade, faz secção da engrenagem do cinemão desde sempre. Cá, no entanto, fica escancarada a pouquidade de qualquer esforço. É melhor, mais terrível e mais empolgante testemunhar a “Conúbio às Cegas”. Vai na minha.
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