Os 4 da Candelária: Andrei Marques fala da estreia como protagonista
A curiosidade de como funcionavam os bastidores das produções televisivas e uma infância mergulhada na música, graças a um projeto social, levaram o jovem Andrei Marques, de apenas 18 anos, a estrelar uma série no streaming como protagonista.
O ator, que nasceu e foi criado na comunidade do Cantagalo, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, é um dos personagens principais de Os Quatro da Candelária, da Netflix, que conta a história de meninos que sobreviveram à chacina — um dos crimes mais brutais que chocou a população em 1993.
A Coluna Fábia Oliveira bateu um papo com o rapaz, que contou um pouco sobre a vida artística, família, a inspiração para interpretar Jesus e ainda revelou seus planos para o futuro.
E para quem quiser acompanhar a carreira de Andrei Marques, fique ligado! No ano que vem estreia um filme, no streaming, do qual ele fez parte do elenco: Corrida dos Bichos. A trama é inspirada no mundo do Jogo do Bicho e conta com nomes de peso, como Rodrigo Santoro, Isis Valverde, Grazi Massafera, Seu Jorge, Silvero Pereira e Anitta.
Veja a entrevista completa
Como a carreira de ator entrou na sua vida? Foi através de um curso ou algo do tipo?
Eu sou de um projeto social voltado para música que funciona na comunidade do Cantagalo tem uns 20 anos, que é o Harmonicanto, e foi fundada pela minha mãe. E tudo começou através de uma parceria entre projeto e o CAT Rio, que também é de música, mas tem teatro e dança. Entrei aos 10 anos e comecei pela música, onde fiquei por 2 anos. Nos anos seguintes, resolvi fazer teatro, mas ficou por aí mesmo. Passado um tempo, o Harmonicanto recebeu a solicitação de um vídeo para o processo seletivo da série e eu fiz o meu vídeo, junto com outras 10 pessoas do projeto. Acabei passando no teste, graças a Deus, e pude representar não só a minha comunidade, não só o meu projeto, mas pessoas como a gente, as pessoas pretas.
Você começou no meio artístico uma ONG que dá aulas de música e instrumentos. Qual foi a importância de tudo isso na sua vida?
A importância foi que eu precisava ter a noção que eu tinha um chão, eu precisava saber que eu tinha um apoio, que eu podia contar com alguém, podia desabafar em algum lugar. Eu tinha acabado de sofrer um trauma bem grande [a morte dos pais], então eu precisava de um apoio. E foi isso, foi É um apoio pra mim durante a minha vida.
Sempre sonhou ser ator ou foram as aulas de teatro que despertaram seu interesse?
Quando eu era meio pequeno, já ficava vendo e pensando “como deve ser fazer um filme, uma novela, uma série? Deve ser maneiro, né?”. Aí, eu ficava vendo, por exemplo, o sangue falso. Depois de um tempo, fiz teatra e despertou despertou ainda mais o interesse.
Você imaginava que já estrearia com um personagem principal? Como foi sua reação quando descobriu que isso aconteceria?
Não imaginava que estrearia como personagem principal. E quando recebi essa notícia, fiquei feliz por poder representar essas pessoas que lutaram por sobrevivência, por comida. Fiquei realizado quando descobri que estrearia com um personagem principal, com esse elenco que veio de lugares parecidos com o meu e tendo essa oportunidade.
Quando conheceu as histórias dos personagens, imaginou que seria esse sucesso todo?
Eu imaginava um pouco, porém agora ficou muito mais claro na minha cabeça. Realmente são histórias fortes, que precisavam ser contadas e que foram representadas das melhores formas por esses talentos enormes, Patrick [Congo], que viveu o Sete; Wendy [Queiroz], a Pipoca; e o Samuel [Silva], que interpretou o Douglas. Acho que foi a nossa unção, a nossa união que fez a diferença.
Como você tem recebido a reação positiva do público?
A reação positiva é sempre boa, né? Fiquei muito feliz, recebi bastante elogios e isso impulsiona a gente a continuar fazendo o que a gente está fazendo, a não desistir. E é bom saber que a gente se torna espelho pra outras pessoas.
Criaram uma página de fãs para você. Como você reagiu ao saber disso?
Fiquei muito feliz com a página de fãs, eu não esperava, não. Eles me dão ‘bom dia, boa noite’, me mandam vídeo, perguntam como estou. Fico muito feliz e grato pelo carinho deles.
Você ainda está estudando? Sempre foi um aluno aplicado? Qual era sua matéria favorita na escola?
Estou estudando remotamente agora. Na verdade, eu era um pouco bagunceiro, mas quando eu prestava atenção, prestava atenção. Minha matéria favorita na escola era ciências, era a que eu mais gostava.
Você tem 4 irmãs e 3 sobrinhos. Ter uma família grande te ajudou na preparação do personagem?
Ajudou porque eu sempre me senti acolhido por eles, pela minhas irmãs e meus sobrinhos. E as pessoas que tive que representar, muitas delas não tiveram oportunidade de terem os pais, a família.
Você foi criado e ainda mora na comunidade do Cantagalo. Como sua vivência lá o ajudou a compor o personagem?
Me ajudou bastante morar lá porque é uma comunidade onde tem pessoas que também batalham pela sobrevivência, entende? Tem pessoas lá que correm atrás todo dia pra ter o que comer, o que beber, pra sustentar a família, o filho, quem seja. Lá tem pessoas que chegaram procurando moradia e trabalho, são pessoas batalhadoras que merecem um sossego.
O que seu personagem representa na sua vida?
O Jesus na minha vida representa força, resiliência, sobrevivência, é tudo. Nunca vou saber explicar o que eu senti vivendo esse personagem, sabe? Mas me ensinou uma lição de vida, a dar valor às coisas que eu tenho, por mais que às vezes as coisas estejam mais difíceis, vão melhorar. É só a gente ter fé e não parar.
Você sonha seguir carreira artística? Pretende fazer faculdade de quê?
Sonho sim, claro. Pretendo seguir essa carreira de ator e fazer uma faculdade de Artes Cênicas.
Já pintaram outros convites para novos projetos? Quais são suas expectativas a partir de agora?
Ainda não, mas já, já, aparece. Espero poder fazer muitos outros filmes, séries e novelas também, quem sabe. Quero mostrar do que sou capaz. Espero impactar muito mais pessoas com a minha atuação. Daqui pra frente, só vitória. Vamos buscar o Emmy e o Oscar em breve.
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