Agora seunono.com.br 30 de setembro de 2024 0 Comentários

Polícia Federalista prende varão procurado em operação contra fraudes bilionárias com fintechs

Operação Concierge foi deflagrada no final de agosto e revelou esquema de lavagem de numerário com prejuízo de R$ 7,5 bilhões. Até a publicação, 15 pessoas foram presas e uma ainda está foragida. Entenda o esquema que usava contas em bancos tradicionais para enganar sistema financeiro
A Polícia Federalista (PF) prendeu, na manhã desta segunda (30), um varão que estava fugido na investigação da Operação Concierge, deflagrada em de agosto e que revelou fraudes bilionárias a partir de fintechs.
📲 Participe do conduto do g1 Campinas no WhatsApp
A quadrilha é suspeita de liderar um multíplice esquema de blindagem patrimonial e lavagem de numerário de clientes diversos, entre eles facções criminosas e empresas com dívidas na Receita Federalista, que movimentou R$ 7,5 bilhões. De negócio com a PF, o investigado foi recluso em Votorantim (SP) e atuava em uma das fintechs investigadas.
Ao perceber a chegada dos policiais, o empresário fugiu para a mata detrás do condomínio onde ele estava escondido, mas foi represado pelos agentes. Até a publicação, 15 pessoas foram presas – sendo 14 quando a operação foi deflagrada. Um varão segue fugido.
A investigação aponta que as fintechs fizeram transações suspeitas sem que os bancos notificassem os órgãos de controle. Ou por outra, diz que, ao não controlar as transações de pessoas físicas, os bancos descumpriram regras do setor bancário e, com isso, facilitaram o cometimento de crimes.
“As instituições financeiras oficiais (Banco Rendimento e Banco Bonsucesso) burlaram os regulamentos do Banco Médio e autorizaram a utilização de suas contas bancárias porquê “contas bolsões” por segmento dessas instituições financeiras clandestinas, as quais, repita-se, movimentaram vultosa quantia de recursos criminosos, sem nenhum tipo de controle pelos órgãos competentes e até mesmo dificultando a estudo por segmento dos órgãos responsáveis pela persecução penal”, apontou o MPF.
Facções porquê clientes
A organização criminosa investigada pela Polícia Federalista (PF) na Operação Concierge é suspeita de lavar numerário do tráfico de drogas e esconder valores para a UPBus, empresa de ônibus suspeita de envolvimento com o PCC.
Na decisão que autorizou os 17 mandados de prisão cautelar e os 60 mandados de procura e mortificação, constam ao menos dois vínculos entre fintechs e a partido criminosa que atua em São Paulo (SP).
A operação
Carros apreendidos chegam ao recinto da Polícia Federalista em Campinas
Márcio Silveira/EPTV
A Operação Concierge foi flagrada na manhã do dia 28 de agosto. As 14 prisões foram feitas nas casas dos investigados em Campinas (SP), São Paulo (SP), Ilhabela (SP), Sorocaba (SP) e Americana (SP). As apreensões ocorreram em vários estabelecimentos, incluindo lojas de veículos. A Justiça ainda autorizou o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa.
Sob escolta, carros de luxo apreendidos foram levados ao longo do dia para o recinto da PF em Campinas e para um estacionamento alugado pela corporação. São utilitários esportivos e carros esportivos de marcas, porquê Porsche, Land Rover, BMW, Volvo e Mercedes-Benz.
Ainda de negócio com a PF, os agentes também apreenderam jóias, relógios e centenas de máquinas de cartão de crédito, além de documentos, celulares e computadores. Os itens devem passar por perícia e depois ficarão depositados em uma conta judicial.
Sócios das empresas entre os presos
O g1 apurou que as empresas investigadas na operação são a Inovebanco e a T10 Bank. Os sócios das duas companhias, Patrick Burnett e José Rodrigues, respectivamente, foram presos no dia da operação.
Patrick Burnett, CEO do Inovebanco, e José Rodrigues, fundador do T10 Bank
Reprodução
A EPTV, afiliada da TV Mundo, e o g1 tentaram contato com a T10 Bank para tentar um posicionamento da resguardo, mas não tiveram retorno. A Inove Global Group afirmou que os advogados da empresa tiveram aproximação ao teor da investigação nesta quinta.
“A empresa nega veementemente ter relação com os fatos mencionados pelas autoridades policiais e veiculados pela prelo, o que ficará demonstrado ao longo do processo. E ressalta sua totalidade disposição em colaborar com as investigações”, diz a Inove, em nota.
Uma vez que funcionava o esquema?
As fintechs investigadas possuem uma conta manante porquê pessoa jurídica em um banco mercantil tradicional. Essa conta é chamada de “bolsão” e serve para fazer transações com o numerário de seus clientes de forma “invisível”, pois é praticamente impossível rastreá-las. Veja o exemplo inferior:
A pessoa física “A” tem contas bloqueadas e quer se manter ativa no mercado financeiro, fazendo transações, recebendo e enviando valores. Ela, logo, abre uma conta com a fintech e a controla por meio de um aplicativo;
Essa pessoa “A” faz uma transferência para a pessoa “B” por meio desse aplicativo;
A fintech, por sua vez, tem uma conta manante porquê pessoa jurídica em um banco mercantil tradicional;
Quando transfere um valor para a pessoa “B” por meio da fintech, na verdade, a pessoa “A” está transferido para a conta jurídica que a fintech tem no banco mercantil.
Uma vez que a pessoa “A” não tem vínculo com o banco mercantil, seu nome não aparecerá no extrato, mas, sim, a fintech titular da conta. A transferência para a pessoa “B”, por sua vez, aparece no extrato tendo porquê origem a pessoa jurídica da fintech e não a pessoa “A”. Nesse esquema, a pessoa “A” fica invisível e pode manter seu patrimônio livre de restrições.
A investigação aponta que o volume de numerário movimentado a crédito pelas duas fintechs, entre 2020 e 2023, foi de R$ 3,5 bilhões, segundo a Polícia Federalista.
‘Concierge’
Os investigados vão responder por gestão fraudulenta de instituições financeiras, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, lavagem de numerário, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.
O nome da operação, “Concierge”, é uma termo francesa que denomina o profissional que atende necessidades específicas de clientes e faz referência à oferta de serviços clandestinos para ocultação de capitais.
VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas