Agora seunono.com.br 2 de outubro de 2024 0 Comentários

Pop solar: porquê a diversão voltou ao gênero músico no pós-pandemia

Com uma estética inspirada nos anos 1960, Sabrina Carpenter dominou o verão norte-americano com o hit Espresso, repleto de referências o estilo bubblegum pop. Enquanto isso, Chappell Roan abraçou a arte drag lançando músicas que usam o humor para falar de gênero e sexualidade. Já Charli XCX conquistou o público com Brat, uma filete irônica que une o hyperpop à diversão nas pistas de dança.

Apesar de suas sonoridades distintas, o que une essas três artistas é a leveza e o entretenimento em suas composições – alguma coisa que nem sempre esteve em evidência na indústria músico. Nos anos 2010, houve um aumento de músicas mais politizadas e intimistas, muitas vezes focadas em temas porquê saúde mental.

Atualmente, vivemos uma espécie de “ressaca” desse período, marcando o início de um novo ciclo de pop “solar”, em referência ao álbum Solar Power, de Lorde. É um momento de retomada da diversão, porquê aponta Thiago Soares, pesquisador do Grupo de Pesquisa em Informação, Música e Cultura Pop da Universidade Federalista de Pernambuco (UFPE).

“Mas, porquê tudo na cultura pop, isso gera um esgotamento que faz com que tenha uma paragem em músicas politizadas. Elas continuam acontecendo, mas cedem espaço também para uma visão mais humorística e feliz da vida”

Soares também explica que, a partir de 2016, houve uma viradela identitária e racial no pop, impulsionada por álbuns porquê Lemonade, de Beyoncé, que explorava as vivências de uma mulher negra porquê resposta às políticas extremistas, porquê as de Donald Trump. “A música pop ficou mais séria, tratando de temas profundos”, ressalta o técnico.

Esse processo foi crucial para o gênero, que muitas vezes era visto porquê superficial. Temas políticos e sérios eram, historicamente, mais abordados por artistas de rock e rap. No entanto, o pop também tem um legado de engajamento político, porquê evidenciado por artistas porquê Madonna, que já no século pretérito falava sobre sexualidade feminina, direitos LGBTQIAP+ e racismo.

Cenário pós-pandêmico

Há uma relação entre o contexto social e a música, que serve porquê um registro importante de diferentes períodos. A pandemia, por exemplo, foi marcada por um público mais introspectivo, em grande segmento devido ao isolamento e ao lockdown. Com o “novo normal” e o retorno do contato social presencial, as mensagens nas músicas também começaram a mudar.

técnico destaca o impacto de Future Nostalgia, de Dua Lipa, porquê um dos projetos musicais mais marcantes durante a pandemia. O álbum abraçava uma verdade utópica ao som do pop, funcionando porquê uma espécie de fuga. “Era uma forma de escape”, afirma.

Outro projeto relevante citado por Soares é Solar Power, de Lorde, lançado em 2021. O álbum se diferencia na discografia da cantora por oferecer uma visão mais otimista da vida e das relações sociais, refletindo uma mudança no tom das produções musicais pós-pandemia.

“Essas de tematizações musicais vão e voltam dentro de um claro espírito do tempo. O espírito do tempo do humor ficou um pouco sobre aviso dentro desse contexto. E agora parece estar de volta. Mas isso dentro de radares de tendência de mercado e também na plataformização que a gente está vivendo hoje, em que as plataformas estão indicando mais músicas desse estilo”, explica Soares, pontuando a influencia dos algoritmos no consumo de música”.