Produção de cocaína aumenta 53% e bate recorde histórico na Colômbia, diz ONU


País produziu 2,6 milénio toneladas da droga em 2023, segundo relatório apresentado na sexta (18). Plantações de folha de coca chegaram a 253 milénio hectares. Polícia sentinela um campo de coca uma vez que secção de uma campanha de erradicação manual de cultivos ilícitos em San Miguel, na fronteira sul da Colômbia com o Equador.
Fernando Vergara/AP
A produção de cocaína na Colômbia aumentou 53% em 2023, atingindo o recorde de 2,6 milénio toneladas, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado na sexta-feira (18).
O informe anual do Escritório contra a Droga e o Violação (UNODC) também registrou o número mais superior de plantações de folha de coca, que chegaram a 253 milénio hectares no ano pretérito, 10% a mais do que em 2022.
Esses são os maiores dados documentados pela ONU desde que a organização começou a monitorar o tema, em 2001.
✅ Clique cá para seguir o meio de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
“A coca continua concentrada nas zonas onde a produtividade é maior em suas três fases, cultivo, extração e transformação, fazendo com que um hectare de coca produza hoje até duas vezes a quantidade de cocaína que produzia há dois anos”, disse Candice Welsch, diretora regional da UNODC, durante a apresentação do informe em Bogotá.
Em 2022, a Colômbia tinha murado de 230 milénio hectares de cultivos de folha de coca, matéria-prima da cocaína, e produzia 1.738 toneladas da droga.
A tendência à subida é registrada desde 2014, apesar da perseguição ao narcotráfico ao longo de cinco décadas, com a ajuda milionária dos Estados Unidos, o maior consumidor de cocaína do planeta.
A assinatura do pacto de sossego com a logo guerrilha das Farc, em 2016, tampouco conseguiu sofrear o boom deste estupefaciente, combustível dos grupos armados que prolongam o conflito interno na Colômbia.
No poder desde 2022, o presidente de esquerda Gustavo Petro considera um “fracasso” a chamada guerra às drogas e aposta em uma abordagem mais centrada na prevenção ao consumo nas economias desenvolvidas.
“Vamos iniciar a compra estatal da colheita de coca. Se não mudarmos os métodos, não mudamos”, anunciou o presidente na sexta-feira, sem explicar uma vez que vai implementar essa política.
Leia também:
60 soldados colombianos são sequestrados, diz Tropa
Cuba sofre apagão pátrio depois falta em usina elétrica
Jovem é resgatado depois passar a noite à deriva preso a caiaque no Havaí; VÍDEO
Em 2023, os territórios que registraram maior aumento líquido dos cultivos foram os departamentos de Cauca e Nariño (sudoeste), redutos de dissidentes das Farc que controlam esse negócio milionário e o cotidiano de extensas áreas camponesas.
Os rebeldes impõem o terror nessa região próxima de Cali, que sediará a COP16 sobre biodiversidade a partir de segunda-feira (21).
‘Fragmentado e multíplice’
Em quatro departamentos — Cauca, Nariño, Putumayo e Setentrião de Santander —, concentram-se áreas de cultivo com mais de 30 milénio hectares.
Nariño e Putumayo ficam na fronteira com o Equador, dos quais presidente, Daniel Noboa, anunciou nesta semana a invenção de murado de 2 milénio hectares de cultivos de folha de coca pela primeira vez no país.
Na Colômbia, 20% da superfície totalidade destes cultivos ficam em terras de comunidades afro-descendentes, 10% em reservas indígenas e 18% em áreas florestais protegidas.
Financiados pelo narcotráfico, pela mineração proibido e pela roubo, os grupos armados se multiplicam. Apesar do desarmamento das Farc, persistem outras organizações que lucram com as drogas, uma vez que dissidentes que rejeitaram o pacto de sossego, rebeldes do Tropa de Libertação Pátrio (ELN) e o Clã do Golfo, maior quadrilha de narcotráfico do país.
É um “quadro criminoso cada vez mais fragmentado e multíplice”, destaca o relatório da ONU. América do Setentrião, Europa ocidental e América do Sul são os principais mercados consumidores da droga.
Ana Maria Buitrago, ministra da Justiça e da Lei da Colômbia, e Candice Welsh, representante regional da UNODC, durante coletiva de prensa em Bogotá, na sexta-feira (18)
Alejandro Martinez/AFP
‘Sistema tardo’
Petro considera a luta antidrogas um “sistema global anacrônico e tardo”. Em março, perante a Percentagem de Entorpecentes das Nações Unidas na Áustria, o presidente criticou que historicamente seu país tenha posto “em prática todas as fórmulas equivocadas” para combater o problema.
“Sacrificamos nosso desenvolvimento por uma guerra que outros queriam”, disse.
A Colômbia vive um conflito armado que deixou 9 milhões de vítimas em mais de meio século, a maioria deslocadas e assassinadas. O presidente pediu à comunidade internacional que coloque “o recta à saúde no núcleo dos debates”.
Um memorando divulgado pela Vivenda Branca em setembro advertiu para os “números recorde” de cultivos de coca e produção de cocaína em toda a América do Sul, embora reconheça na Colômbia um aumento de 10% na inquietação de cocaína em 2023 em relação ao ano anterior, o equivalente a 841 toneladas.
Ao mesmo tempo, o governo Joe Biden aposta em uma “abordagem holística” do problema das drogas, que inclua a “segurança, a justiça e oportunidades econômicas lícitas para as populações rurais da Colômbia”.
Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicado em agosto estima que a renda média de uma família cocaleira na Colômbia beire os 1,4 milénio dólares (R$ 7.933) por ano, menos da metade do salário mínimo lítico no país, onde a informalidade alcança 56%.
Segundo o estudo, 60% dos entrevistados disseram plantar coca devido à escassez de outras opções econômicas.



Publicar comentário