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Reminiscências marcam o disco de 40 anos de carreira de Marcos Sacramento – Augusto Diniz
Marcos Sacramento se considera um sobrevivente dos anos 1980. “Peguei pesado nas drogas, no álcool”, conta ele a CartaCapital. “Fui fundo nessa viagem, que era muito incentivada na época em que o vírus da Aids disseminou de uma forma avassaladora. E eu, como gay, exposto a toda aquela vida promíscua.”
O cantor e compositor, porém, seguiu firme e forte. Com 20 discos lançados, entre trabalhos solo, duos e projetos especiais, ele mostra a potência de seu canto em um novo trabalho, chamado Arco (Biscoito Fino), celebrando seus 40 anos de carreira.
No repertório do disco, de 11 faixas, há canções inéditas e regravações, remetendo à sua história. Três inéditas, que ele chama de “trilogia autobiográfica”, refletem seu passado: Bahia-Rio (Sacramento e Luiz Carlos Alcofra), Guanabara (Sacramento, Luiz Flavio Alcofra e Phil Baptiste) e Niterói (Sacramento, Manu da Cuíca, Luiz Carlos Máximo e Fernando Leitzke Júnior).
Bahia-Rio fala de seus avós maternos, que foram da Bahia para Niterói, e do desenrolar da chegada deles em sua cidade natal. A excelente cantora e compositora baiana Josyara participa da faixa.
Já Guanabara começa como um jongo e depois vira algo parecido com a valsa. “Fala da minha relação com a baía (de Guanabara) sob outra perspectiva. A baía como cenário da minha vida inteira, refletindo meus sucessos e meus fracassos, minhas dores e minhas alegrias.”
Para quem nasceu em Niterói, a convivência com a Baía de Guanabara é parte do dia a dia, já que um número considerável da população se desloca com frequência para o Rio de Janeiro, seja a trabalho ou a lazer.
“Nos momentos em que precisava de paz, pegava a barca de madrugada e refletia o que estava acontecendo e o que ia acontecer se continuasse levando essa vida”, diz, em referência aos anos 1980.
A música Niterói também se refere à travessia que fazia de barca do Rio a Niterói. “Estou com 64 anos. Comecei a trabalhar com 14 como office boy, no ano em que a ponte foi inaugurada (1974). E atravessando de barca eu refletia muito.”
O novo trabalho de Marcos Sacramento tem duas regravações mais conhecidas: Todo o Amor que Houver Nessa Vida (Cazuza e Frejat), com a participação do ótimo cantor Zé Ibarra – e Voltei (Baden Powell e Paulo César Pinheiro).
Sacramento mostra o cantor afinado que é ao gravar à capela um samba-enredo da Salgueiro, sua escola de coração, chamado Xangô (2019). Apresentada com dobra de sua voz, a gravação obteve um bom resultado e quebrou o óbvio que poderia ser uma batucada pesada típica de samba-enredo.
Completam o disco Tonada de Luna Llena (Simon Diaz) — primeira vez que ele grava uma música estrangeira —, Graça (Thiago Amud) — canção de esperança —, Para Frido (Sacramento) — música para o “grande amor” do músico —, Jesus É Preto (Paulo Baiano e Sacramento) e a faixa-título Arco (Sacramento). O álbum Arco tem produção musical de Elísio Freitas e direção artística de Phil Baptiste.
Marcos Sacramento se ligou ao samba antes de a Lapa do Rio se tornar um lugar revitalizado e voltado inicialmente ao gênero, na virada do século. O cantor ia a bares nos anos 1990 que faziam rodas de samba antológicas, como o Bar Mandrake, em Botafogo, e o Sobrenatural (ainda em funcionamento), em Santa Teresa, além de outro boteco localizado em um casarão no Largo dos Guimarães, também em Santa Teresa.
“Aparecia nas mesas, cantava samba de Geraldo Pereira, Wilson Batista, Assis Valente, Noel Rosa, Custódio Mesquita, Herivelto Martins. Eu adorava e adoro esse repertório. Tanto que mais tarde gravei tudo isso.”
Há um ano, o artista realiza mensalmente na Rua do Mercado, no centro do Rio, o Samba do Sacramento. “Sempre tive uma certa resistência a comandar uma roda de samba. Primeiro porque é algo que precisa de muita disposição. São muitas rodas de samba que acontecem no Rio de Janeiro famosas, consagradas e consolidadas”, pondera. Mas o projeto deu certo e já se tornou pequeno para o lugar. A próxima roda ocorrerá em 14 de dezembro.
Assista à entrevista de Marcos Sacramento a CartaCapital:
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