Tesouro IPCA 2029 ou CDB a 110% do CDI: qual deles vai fazer seu verba render mais? – 30/09/2024 – De Grão em Grão

No início de 2024, havia uma poderoso expectativa de que a Selic encerraria o ano em torno de 9% ao ano. Alguns analistas chegaram a prever uma queda até 8% ao ano. Todavia, a partir de maio, o Banco Mediano sinalizou que não seguiria com a tendência de redução. Posteriormente, o cenário tornou-se ainda mais incerto: entramos em um ciclo de subida dos juros. O diferencial desse ciclo? A inflação não está nas alturas. Isso nos leva a uma pergunta crucial: será que vale a pena investir no Tesouro IPCA 2029?

Escolher o indexador correto para um título de renda fixa envolve risco. Dependendo do seu objetivo, a escolha entre um título prefixado, indexado ao IPCA ou ao CDI (Selic) pode valer a perda de vantagem frente ao índice de referência, caso o título escolhido não esteja desempenado à sua meta.

Por exemplo, se sua meta é superar o CDI, optar por um título IPCA ou prefixado traz um risco significativo. Da mesma forma, se o objetivo é superar a inflação, tanto um título referenciado ao CDI quanto um prefixado apresentam risco. Por isso, tão importante quanto focar no retorno, é prometer que o indexador escolhido esteja desempenado aos seus objetivos. A discussão sobre porquê fazer essa escolha ficará para outra oportunidade, mas hoje vamos focar no retorno esperado de dois títulos específicos: o Tesouro IPCA 2029 e um CDB que paga 110% do CDI.

Atualmente, o Tesouro IPCA 2029 está sendo negociado no Tesouro Direto com uma taxa de IPCA + 6,56% ao ano. Considerando o dispêndio de custódia do Tesouro Direto, esse retorno efetivo cai para IPCA + 6,36% ao ano.

Para prezar qual título trará o maior retorno, precisamos projetar o IPCA e o CDI até 2029. Evidente, essa estimativa envolve riscos, mas todo investimento é feito com base em um cenário, e todo cenário tem a possibilidade de não se concretizar. Quando isso acontece, é fundamental reavaliar a estratégia de combinação com a novidade veras. Esse é o mínimo que se espera de uma decisão de investimento responsável.

Vamos considerar um cenário médio projetado por especialistas, onde o CDI para os próximos cinco anos (de 2025 a 2029) será, respectivamente, 12%, 11%, 10%, 9% e 9% ao ano. Já o IPCA deve seguir uma trajetória de: 4,5%, 4%, 3,5%, 3,5% e 3% ao ano. Para o último trimestre de 2024, assumiremos CDI e IPCA de 11% e 4,5%, respectivamente.

Nesse cenário, o Tesouro IPCA 2029 renderia o equivalente a 100,5% do CDI, enquanto o CDB a 110% do CDI proporcionaria um rendimento de 112,4% do CDI. Uma vez que já mencionei anteriormente, um título que rende mais de 100% do CDI tende a oferecer um retorno superior no médio prazo.

Assim, ao investir R$ 10 milénio em ambos os ativos — Tesouro IPCA 2029 e CDB a 110% do CDI —, o saldo final esperado seria de R$ 16,7 milénio e R$ 17,5 milénio, respectivamente.

É importante ressaltar que o Tesouro IPCA 2029 ainda carrega um risco suplementar: nos próximos seis meses, pode possuir uma marcação a mercado ainda mais desfavorável, aumentando a volatilidade.

Portanto, no cenário analisado, o CDB a 110% do CDI oferece uma melhor perspectiva de retorno em conferência ao Tesouro IPCA 2029. Aliás, se o investimento for realizado dentro do limite de garantia do FGC, o risco associado ao CDB é extremamente plebeu. Isso o torna uma escolha mais sedutor, principalmente para os próximos 12 meses, período em que a subida da Selic prevalecerá. A decisão de investir no Tesouro ou no CDB depende do perfil de risco do investidor, mas, neste momento de incertezas, o CDB parece ser a opção mais segura e rentável.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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