trabalhos em campo em Mato Grosso avançam, mas baixa comercialização preocupa
A semeadura da soja está quase encerrada em Mato Grosso. Com 99,85% da área estimada coberta com as sementes e plantas em desenvolvimento, os trabalhos nas últimas três semanas estiveram à frente da safra 2023/24, após atrasos. O clima adverso é apontado como a principal motivação. Além disso, a desvalorização do grão também causa lentidão e apreensão nas vendas da safra 2024/25.
Até o dia 22 de novembro a semeadura da soja em Mato Grosso ocorria ainda nas regiões oeste (99,90%) e nordeste (99,27%), de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Após um início e meio de plantio cheio de atrasos em relação ao ciclo passado e a média histórica dos últimos cinco anos, os trabalhos da temporada 2024/25 há cerca de três semanas avançaram significativamente e superaram tais comparativos. Nesta mesma época na safra 2023/24 o estado estava com 98,39% da área plantada e a média histórica é de 98,93%.
Em Paranatinga, o produtor Robson Weber corre contra o tempo para finalizar o plantio da soja na propriedade. A oleaginosa deve ocupar nesta safra 2.040 hectares, por lá. Contudo, o clima adverso tem sido o grande desafio, prejudicando a entrada das plantadeiras em campo, que já estão paradas há 12 dias por causa do excesso de chuvas.
O cenário, segundo Robson, só aumenta a apreensão, uma vez que ainda restam 15% da área programada para cultivar.
O produtor comenta à reportagem do Canal Rural Mato Grosso que devido a isso optou em esperar a que está plantada para retomar os trabalhos e finalizar.
“Temos que fazer a primeira safra bem feita, porque realmente o que traz um pouco mais de rentabilidade para o agricultor, no nosso caso, é a soja. O milho vem sendo uma opção de segundo plano e ainda com incerteza”, frisa Robson.
Olhos no céu, calculadora nas mãos
A desvalorização da oleaginosa frente aos custos é outra preocupação do produtor de Paranatinga. Robson revela que ainda não negociou nada da produção estimada da safra 2024/25.
“O que subiu da soja e o subiu dos insumos, dos custos, e o que desceu da soja e o que desceu dos insumos ainda estão desparelhos. Não desceu na mesma proporção. Então, a conta ainda está apertada. Vendo a soja a longo prazo, a safra que vem, se trazendo os números dos Estados Unidos e o que vem sendo divulgado hoje pelas consultorias em relação ao Brasil, a expectativa é que não podemos visualizar um preço de soja muito alto, não”.
Quem conseguiu adiantar todo o plantio da soja também segue apreensivo e na torcida pela estabilidade climática. É o caso do produtor Osvaldo Pasqualotto, que nesta safra cultivou aproximadamente 15 mil hectares do grão em duas regiões diferentes do estado.
Segundo ele, na região médio-norte as chuvas estão a contento e vieram na hora certa para o plantio na propriedade. Entretanto, na região sul demoraram para chegar e “estão chegando em conta gotas”.
“Tem bastante lavouras em que o pessoal ainda não concluiu o plantio devido à falta de umidade. Esse ano tem uns 30%, 40% a menos de chuvas em relação aos anos anteriores. Antigamente a gente começava a plantar a partir do dia 20, 30 de outubro e de alguns anos para cá antecipamos quase em um mês os plantios. Então essa falta de unidade faz uma diferença enorme para a gente”, salienta Osvaldo.
As oscilações de preços do grão também o preocupam. Com a calculadora em mãos, o produtor revela ao Canal Rural Mato Grosso que no ano passado já estava com 60% da produção comercializada.
“Esse ano, por incrível que pareça, vendemos 10% de soja e 10% de milho só. Estamos aguardando o mercado e não estamos vendo muitas perspectivas. O mercado está bem desaquecido, também. Esse ano vai ser um ano de pegarmos a calculadora, matutando, calculando baixando zero e subindo zero para ver se as contas fecham para o próximo ano”.
Cautela na hora de vender
Conforme o Imea, o ritmo da comercialização da safra 2024/25 em Mato Grosso está adiantado na comparação com o mesmo período do ano passado, porém segue mais lento em relação à média dos últimos cinco anos. A região sudeste é a mais atrasada com 34,97% da produção da oleaginosa vendida até o momento.
“Tivemos preços bons lá atrás. Ela subiu há dois, três anos atrás e levou os preços dos insumos juntos, mas agora retornou aos patamares e os insumos não retornaram aos seus patamares. Isso está tirando rentabilidade das lavouras, a rentabilidade do produtor, a margem está bem apertada e tem muita gente com financiamento. E outra coisa, aqui em Mato Grosso temos ainda bastante deficiência de armazenagem. Isso faz com que o produtor tenha que entregar toda a sua soja, todo o seu milho para tradings, para as empresas e ele fica sem poder de barganha para conseguir o melhor preço”.
A cautela na hora da comercialização é uma das ações aconselhadas por Alex Sandro de Freitas, sócio proprietário da Agrolex Corretora de Grãos, em Rondonópolis. Ele diz, à reportagem do Canal Rural Mato Grosso, acreditar em um cenário de preços mais favoráveis para a soja no mercado a longo prazo.
“Olhando graficamente, tivemos cenários em que a soja bateu no fundo. Foi lá no fundo e criou resistência e a sensação neste momento é a mesma. A soja aqui em Mato Grosso bateu no fundo novamente e agora está buscando resistência, mostrando o mesmo cenário que tivemos anteriormente e essa resistência acreditamos que ainda vai permanecer crescente. Então, o produtor está certo. Tem que aguardar mesmo, ficar atento ao mercado, as oportunidades e fazer a sua comercialização no momento certo”.
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