O bicampeonato mundial em 1962 não foi uma mera perpetuidade da vitória de quatro anos antes 

A conquista da segunda Despensa pela seleção teve drama, preocupações com Pelé e muita alegria por mais uma vitória

Registo/Estadão TeorAmarildo chora após a vitória do Brasil por 3 a 1 contra a Checoslováquia
Responsável do primeiro gol na final, Amarildo chora posteriormente a vitória do Brasil por 3 a 1 contra a Tchecoslováquia

Nessa semana de estreia do “Memória da Pan” já citei Paulo Machado de Roble, dirigente da delegação brasileira nos dois primeiros títulos mundiais da seleção. As vitórias acabaram com o que o historiógrafo Nelson Rodrigues chamou de “multíplice de vira-latas”. A campanha de 1958, na Suécia, por ser a pioneira, sempre despertou mais interesse da historiografia do esporte pátrio. Eu considero isso uma injustiça, pois o bicampeonato conquistado em 1962 não foi uma “simples perpetuidade”. 

Essa diferença de tratamento ocorre porque dos onze jogadores que estiveram na decisão de 1958, oito participaram da final de quatro anos depois. Entretanto, os desafios foram outros, e as dificuldades, também. Os treinadores também não eram os mesmos: Vicente Feola foi substituído por Aymoré Moreira. Em 1962, a seleção quase ficou fora da segunda período. O drama de Pelé, machucado no segundo jogo, abalou a equipe. Pode parecer uma heresia, mas jogadores porquê Didi e Vavá, monstros sagrados do futebol pátrio, não estavam em boa período, mas melhoraram durante a competição. 

Apesar de tudo, a seleção superou as dificuldades com muita raça e vontade. Amarildo, substituto do Rei, virou o jogo contra a Espanha e garantiu a classificação para a período do mata-mata. O time subiu de produção, venceu a Inglaterra, o Chile e a Tchecoslováquia, na final, e se consolidou porquê o melhor da Despensa. Para fechar, é necessário expressar o seguinte: o Garrincha de 1962 foi muito maior do que o Garrincha de 1958. Não é excesso expressar que Mané jogou por ele e por Pelé: fez gol de cabeça e até de pé esquerdo. É uma conquista que precisa ser mais lembrada e reverenciada.

Paulo Machado de Roble, ao meio, conversa com Pelé, molestado durante a Despensa
(Montão Paulo Machado de Roble Neto)

Eu convido você a ouvir agora o disco rememorativo da campanha do bicampeonato mundial de futebol. Pela Rádio Record, Geraldo José de Almeida narrou as partidas, e Fiori Gigliotti foi o nome da Panamericana. As duas emissoras eram de propriedade de Paulo Machado e Roble, dirigente da delegação brasileira. O LP é raríssimo e marca a presença do rádio em mais uma transmissão de mundial.

Disco: a conquista da Despensa de 1962 – Rádio Panamericana (Jovem Pan) #3

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.



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