Antes e depois: principais rios da Amazônia encolhem em seca histórica

Enormes afluentes que alimentam o Rio Amazonas — o maior do planeta — atingiram níveis recordes de baixa, matando vidas, encalhando barcos e ameaçando golfinhos em extinção enquanto a seca assola o Brasil.

O país está atualmente sofrendo sua pior seca desde que os registros começaram em 1950, segundo o Núcleo de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). É o segundo ano sucessivo de seca extrema no Brasil. Quase 60% do país é afetado, com algumas cidades, incluindo a capital Brasília, sofrendo mais de 140 dias consecutivos sem chuva.

No coração da floresta amazônica, o impacto nos rios é chocante e especialistas estão soando o rebate sobre o que isso significa para a região, um ponto crítico de biodiversidade e uma proteção crucial contra as mudanças climáticas.

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O Rio Preto, um dos maiores afluentes do Rio Amazonas, está em níveis recordes de baixa para esta quadra do ano perto de Manaus, capital do Amazonas. Seus níveis de chuva estão caindo tapume de 19 centímetros por dia, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB).

As águas negras e características do rio correm geralmente por seu labirinto grosso de canais, mas imagens de satélite agora mostram que ele encolheu drasticamente, com grandes faixas de leito expostas. Veja:

O Rio Preto está sofrendo “reduções extremas” à medida que as temperaturas aumentam e a região luta contra a escassez de chuvas, disse Lincoln Alves, investigador pesquisador do Instituto Vernáculo de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O mesmo ocorre com o Rio Solimões, cujas águas de cor barrenta convergem com o Rio Preto, em Manaus, para formar o Rio Amazonas.

Neste mês, o Solimões atingiu o menor nível já registrado para esta quadra do ano em Tabatinga, cidade na tríplice fronteira com a Colômbia e o Peru.

Navios ficaram encalhados e vastas extensões de areia são visíveis onde antes havia chuva.

Uma barcaça encalhou em um banco de areia no Rio Solimões, perto de Tefé, estado do Amazonas, Brasil, em 17 de setembro de 2024 • Jorge Silva/Reuters

O Lago Tefé, na margem setentrião do Rio Solimões, também está bastante esgotado.

Fotos do lago no mês pretérito mostram que ele encolheu drasticamente em verificação ao mesmo período do ano pretérito e continuou a declinar. Ele está “contribuindo para escassez sátira de chuva e impactando ecossistemas locais”, disse Alves.

No ano pretérito, mais de 200 golfinhos foram encontrados mortos no lago durante uma seca histórica e temperaturas recordes da chuva, e especialistas temem que isso se repita neste ano.

Mortes de golfinhos já estão acontecendo. “Na semana passada, encontramos um por dia em média”, disse Miriam Marmontel, patrão do projeto de golfinhos no Instituto Mamirauá para o Desenvolvimento Sustentável, à Reuters no início deste mês.

Os pesquisadores acreditam que, à medida que o lago encolhe, há menos espaço para os golfinhos, colocando-os em maior risco de colisão com barcos e balsas.

A pesquisadora Miriam Marmontel, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, em seguida encontrar um golfinho morto no Lago Tefé em 18 de setembro de 2024 • Leonardo Benassatto/Reuters

Em muitas regiões da Amazônia, “a seca já é mais intensa hoje do que no pior momento do ano pretérito”, disse Rômulo Batista, biólogo e porta-voz do Greenpeace Brasil.

“Os mínimos nesses rios… geralmente são no final de outubro”, disse Adriana Cuartas, pesquisadora do Cemaden. Levante ano, eles aconteceram mais cedo e os níveis de chuva continuarão a diminuir, ela disse à CNN.

As consequências são graves para a população que depende dos rios para alimento, remédios, meios de subsistência e transporte, disse André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, uma organização sem fins lucrativos.

“Estamos sofrendo uma situação que nunca aconteceu antes”, disse ele à CNN, acrescentando: “a redução do fluxo do rio é absolutamente enorme”.

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A seca severa e prolongada no Brasil foi alimentada por uma série de fatores.

Um intenso El Niño, um padrão climatológico oriundo, trouxe um clima mais quente e sedento para a região no ano pretérito e até 2024. O El Niño já acabou, mas o calor e a seca estão sendo influenciados por um Oceano Atlântico excepcionalmente quente, disse Cuartas, do Cemaden.

O desmatamento também é um fator, disse Alves, ajudando a aumentar as temperaturas e mudar os padrões de chuva. “A degradação contínua do ecossistema (está) empurrando a região em direção a um potencial ponto de inflexão”, disse ele.

Depois, há a mudança climática, causada pela queima de combustíveis fósseis que aquecem o planeta, o que está trazendo temperaturas mais altas e períodos mais longos sem chuva.

A seca devastadora do ano pretérito na Bacia Amazônica foi 30 vezes mais provável devido às mudanças climáticas, de congraçamento com um relatório da World Weather Attribution, uma rede de cientistas que analisa eventos climáticos extremos.

O que está acontecendo no Brasil “é um exemplo trágico do impacto lugar das mudanças climáticas globais”, disse Guimarães, referindo-se ao traje de que muitas vezes são os países mais pobres e menos desenvolvidos que sentem o peso dos impactos das mudanças climáticas causados ​​desproporcionalmente pelos países mais ricos.

No início deste mês, o grupo ambientalista Greenpeace revelou uma enorme filete com os dizeres “Quem paga?” nas margens arenosas recentemente expostas do Solimões.

Uma mensagem de ativistas do Greenpeace nos bancos de areia do Rio Solimões em 20 de setembro de 2024 • Jorge Silva/Reuters

A seca também preparou o cenário para incêndios florestais devastadores no Brasil, que destruíram grandes áreas da Amazônia e do Pantanal, as maiores áreas úmidas tropicais do mundo, e sufocaram cidades com fumaça espessa.

Há pouco refrigério à vista. Chuvas em níveis que poderiam estrear a reabastecer rios não são esperadas por semanas ainda e os níveis dos rios estão projetados para continuar caindo.

“Até novembro a situação continuará piorando”, disse Cuartas.



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