Caso encerrado: veja ponto a ponto da tragédia que matou casal e bebê

As respostas que faltavam sobre a tragédia que matou uma família de Valparaíso (GO), em 27 de agosto último, foram divulgadas nesta quarta-feira (23/10).

O laudo pericial confirmou que Graciane Rosa de Oliveira, 35 anos; Luiz Evaldo, 28; e Leonardo, um recém-nascido de 19 dias, caíram da janela do apartamento onde moravam após uma explosão acontecer durante um serviço de impermeabilização de sofá e provocar um incêndio.

Veja imagens das vítimas e do local do incêndio:

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Graciane Rosa e Luiz Evaldo com a filha dela, de 11 anos

Reprodução/redes sociais

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Graciane e Luiz morreram ao tentarem fugir de incêndio

Reprodução/redes sociais

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Casal estava junto desde 2019

Reprodução/redes sociais

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Leonardo no colo do pai, Luiz, e Graciane

Reprodução/redes sociais

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“Como o Léo faz falta”, diz tio de bebê morto em incêndio no Entorno

Luciano Arcoverde/Metrópoles

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Filha de Graciane, uma menina de 11 anos, estava na escola na hora do ocorrido

7 de 10CBMGO/Divulgação
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Fabiana, amiga das vítimas

BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

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Lia Pereira, moradora e vizinha da família que morreu em incêndio

BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto

10 de 10Luciano Arcoverde/Metrópoles

Entenda o caso ponto a ponto:

27 de agosto (manhã): por volta das 10h, vizinhos perceberam chamas vindas de um apartamento no sétimo andar do bloco E do condomínio Parque das Árvores, no bairro Parque Rio Branco. Alguns moradores chegaram a ver as vítimas caindo pela janela.

A principal hipótese naquele momento era de que o casal havia se jogado para tentar se salvar do incêndio. O Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO) foi acionado e encontrou o homem, a mulher e o bebê mortos, em frente ao bloco. Um dos cachorros da família também foi resgatado sem vida.

Moradora do primeiro andar do prédio, a pensionista Maria Portugal, de 70 anos, afirmou ter escutado um barulho de explosão. “Desci assim que ouvi. Vi a cena toda [do casal caindo do apartamento], foi triste demais de ver. Quando eles caíram, eu saí aos gritos, não sabia nem o que fazer. Corri para um lado, para o outro. É uma sensação de não ter o que fazer.”

27 de agosto (tarde): logo após o incêndio, no início da tarde, a identificação das vítimas veio à tona: Graciane Rosa de Oliveira, 35 anos; Luiz Evaldo, 28; e Leonardo, 19 dias. Graciane tinha outra filha, de 11 anos, que estava na escola no momento do ocorrido. A mãe dela estava no apartamento no momento do acidente, mas conseguiu sair a tempo.

28 de agosto (manhã): a Polícia Técnico-Científica de Goiás trabalha para descobrir as causas do acidente. Nesta data, por volta das 10h, foi divulgado um laudo pericial que apontou que Graciane, Luiz Evaldo e Leonardo morreram de politraumatismo — quando o corpo sofre lesões múltiplas, causadas, neste caso, pelo impacto da queda.

28 de agosto (tarde): o síndico do condomínio Parque das Árvores, Anderson Oliveira, reuniu autoridades e convocou uma entrevista coletiva às 15h. Na ocasião, o síndico e integrantes das polícias Civil e Técnico-Científica revelaram um ponto-chave para as investigações: por volta das 9h do dia da tragédia, a família havia recebido um homem identificado como Renan Lima Vieira, profissional contratado pelo casal para impermeabilizar o sofá de casa. Um produto usado por ele poderia ter causado uma explosão e resultado no incêndio ocorrido no apartamento.

Queda para salvar filho

Assim como a mãe de Graciane, Renan conseguiu deixar o imóvel a tempo, mas ele ficou ferido com gravidade e precisou ser internado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

Ainda de acordo com as autoridades, o casal não cometeu suicídio. Os pais tentavam respirar pela janela do imóvel e proteger o filho do fogo. O recém-nascido Leonardo teria escapado dos braços da mãe, que, no ímpeto de salvá-lo, projetou-se para a frente. Nesse momento, o pai da criança fez o mesmo movimento, também na tentativa de socorrer a família, quando os três despencaram do sétimo andar.

“Não houve suicídio. Ninguém se jogou no desespero, embora a situação fosse desesperadora. Foi um ato da mãe tentando salvar o pequeno”, defendeu o síndico Anderson Oliveira. “Quando fazemos análise para determinar se ocorreu suicídio, homicídio ou queda acidental, um dos parâmetros usados é o deslocamento da vítima em relação ao ponto onde caiu. As vítimas neste caso estavam muito próximas da janela do prédio, o que indica ter sido um acidente”, detalhou o delegado da Polícia Científica de Goiás, o perito criminal Fernando Lerbach.

Os peritos confirmaram, ainda, ter havido uma explosão no prédio. No entanto, naquele momento, não era possível afirmar o que teria provocado o incêndio. Enquanto a hipótese de vazamento de gás era descartada, a suspeita de que o produto usado na impermeabilização do sofá ganhava força.

Por fim, naquele dia, as autoridades anunciaram que a família tinha dois cachorros. Enquanto um havia morrido no incêndio, outro, que atendia pelo nome de Brownie, estava desaparecido.

Em 23 de outubro, dois meses após a tragédia, as polícias Civil e Técnico-Científica de Goiás anunciaram, no início da tarde, a conclusão do laudo pericial. As autoridades confirmaram que o fogo foi causado pelo solvente usado pelo profissional autônomo Renan Lima para impermeabilizar o sofá da família, fazendo verdadeira a principal hipótese do início do caso.

O documento confirma que o incêndio começou entre a sala e a cozinha e que os vestígios encontrados no apartamento provam que as chamas começaram após ação humana involuntária. A causa foi acidental em decorrência do uso inadequado de produtos solventes perto a uma fonte de calor ou a uma chama.

Graciane, Luiz Evaldo e Leonardo estavam em um dos quartos da casa, o que, segundo o laudo, impediu que eles conseguissem deixar o imóvel após a explosão. O cão Brownie, que estava desaparecido, foi encontrado durante as investigações carbonizado debaixo da cama do casal.

As hipóteses de que o casal não pulou do prédio também se confirmaram. “Com base nos estudos, percebemos que eles não se jogaram”, afirmou o perito Fernando Lerbach. De acordo com o profissional, Luiz Evaldo se segurou em uma tela de proteção do apartamento enquanto tentava puxar a esposa e o filho de volta. “A tela se rompe e os três caem.”

O laudo pericial revelou imagens do dia do acidente. Elas mostram o momento em que Maria das Graças, mãe de Graciane, e Renan Lima, o técnico em impermeabilização, deixando a casa:

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Renan Lima chegando ao apartamento para impermeabilizar o casal

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Fumaça começa a sair do apartamento

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Momento em que Maria das Graças sai do apartamento

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Renan também conseguiu sair

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Momento em que o sistema contra incêndios é acionado

Renan recebeu alta em 29 de agosto. A PCGO indiciou Renan por incêndio culposo – não intencional – com morte e lesão corporal grave como consequências.

Advogado da família, Paulo Henrique Santos, afirmou que estuda a possibilidade de recorrer na Justiça da tipificação do crime, na intenção de indiciar Renan por homicídio com dolo (intenção) eventual: quando se assume a responsabilidade diante da possibilidade de causar uma morte, mesmo sem intenção.

Quem eram as vítimas

Graciane trabalhava como especialista em extensão de cílios e atendia em Valparaíso. Luiz atuou como repositor em mercados da região. Os dois estavam juntos desde 2019.

O irmão de Evaldo, Elivelton Lima, 25, declarou todo o amor à família no dia do desfecho do laudo pericial. “Algo que eu quero levar pra vida é a lembrança que eu tenho deles. A gente tinha aquela convivência diária”, contou o jovem.

Elivelton lembra da cunhada, Graciane, com muito carinho. “A Graciane havia entrado para a família há cinco anos. Ela ensinou muitas coisas pra gente. Ensinou a humildade, prestou todo o carinho que a gente precisou. Ela foi incrível na nossa vida”, afirmou, emocionado.

Para Elivelton, foi “um privilégio” ter conhecido o sobrinho, Leonardo. “Meu sobrinho, de 19 dias, me ensinou o verdadeiro significado do amor. Nossa, como o Léo faz falta! Tive a oportunidade, o privilégio, de pegá-lo nos braços.



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