Experiência com morte inspirou Tilda Swinton
A atriz era muito amiga do diretor Derek Jarman; ambos trabalharam juntos em “O Jardim” (1990). Ele morreu de Aids em fevereiro de 1994, aos 54 anos, e pediu para que Tilda Swinton ficasse a seu lado durante o período. “Assim como Ingrid, tive muito medo. Eu era uma pessoa jovem e ele foi a minha primeira Marta. Ele me inspirou com uma atitude para sua própria morte que carreguei definitivamente comigo. Eu o carrego com a minha vida e eu o carreguei comigo desde então, especialmente quando eu estava nessa posição com membros da minha família e amados que estavam enfrentando o fim de sua vida.”
Foi uma grande bênção quando Pedro [Almodóvar] me enviou este roteiro, por ser um lugar que estive na minha vida nos últimos anos. Mas, agora, tive a oportunidade de estar na situação de Marta e colocar-me no lugar de alguém que iria morrer. Foi realmente um privilégio e me senti confortável.
Tilda Swinton
A discussão sobre suicídio assistido está em voga na sociedade desde que o poeta Antônio Cicero escolheu esta maneira para morrer. No Brasil, o ato é considerado crime. O Código Penal brasileiro prevê que essa prática pode ser enquadrada como homicídio doloso, com penas de até 20 anos. As discussões sobre a legalização esbarram em barreiras culturais, políticas e religiosas.
Mesmo abordando tanto a morte, Swinton defende que “O Quarto ao Lado” fala sobre sobrevivência. “Martha é alguém que se conhece e conhece como ela quer viver. Ela adoraria continuar vivendo, mas está muito doente para que isso aconteça da forma desejada. Então, ela prefere ‘ir’ mais cedo, de uma maneira determinada por ela.”
Para a atriz, também se trata de uma história de amizade e triunfo. “Ela pede à Ingrid para apoiá-la, por conhecer o poder da amizade, particularmente nesses momentos. Ela sabe que não quer estar sozinha e esse apoio dá o poder a ela para tirar sua própria vida sozinha, porque ela sente essa ajuda. Essa é uma história realmente positiva e triunfante, uma fábula sobre sobrevivência.”
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