Filme do Maníaco do Parque só se salva por Silvero Pereira – 14/10/2024 – Thiago Stivaletti

São Paulo

Não é só nos EUA que o gênero “true crime” reina no streaming. Depois do sucesso dos três filmes sobre Suzane von Richthofen, o Prime Video estreia nesta sexta (18) o aguardado “Maníaco do Parque”, que relembra um dos maiores serial killers dos anos 90, sentenciado por lutar 23 mulheres e trucidar dez delas no Parque do Estado em São Paulo. O filme ganhou uma sessão próprio de fecho no Festival do Rio no último sábado (12).

Silvero Pereira entrega uma bela performance uma vez que o motoboy psicopata, com uma presença soturna e assustadora. Pena que o filme fique bastante a obrigação ao seu trabalho. Em vez de erigir um suspense em torno dos crimes de Francisco de Assis Pereira, ele já mostra nos primeiros minutos o seu primeiro violação. Isso logo depois de furar numa sequência duvidosa, em que Francisco anda feliz de patins pelas ruas de São Paulo, ao som de um rock vibrante.

As intenções do filme são até claras e parecem ter saído de reuniões dos produtores com os executivos da plataforma: em vez de dar ênfase ao maníaco, a proposta é sobresair as vítimas que foram brutalmente assassinadas, numa leitura feminista.

Para isso, o roteiro elege uma vez que protagonista a repórter Elena (Giovanna Grigio), que trabalha no extinto Notícias Populares, o primeiro veículo a tapar o caso.

Planta dos crimes

Elena é uma novata que tenta provar seu talento numa redação completamente dominada por homens, uma vez que o intragável Zico (Bruno Garcia) e o superintendente durão Vicente (Marco Pigossi). É a velha fórmula do filme policial, em que um repórter sem experiência consegue os maiores furos de um caso sinistro.

Para não deixar incerteza, temos até o bom e velho planta da investigação colado na parede do apartamento em que Elena vive, com fotos das vítimas, desenhos e flechas conectando as pistas.

Na paralela, Francisco é mostrado uma vez que o motoboy mais eficiente da sua empresa, conquistando a crédito do superintendente (Xamã). As cenas em que convence as vítimas dizendo ser um fotógrafo detrás de uma bela protótipo são pouco exploradas e logo deixadas de lado.

A mana de Elena, a psicanalista Martha (Mel Lisboa), diz todos os chavões que já vimos sobre o que é um psicopata: um ser insensível, que não sente emoção nem culpa, tal qual coração não bate mais rápido ao matar suas vítimas etc.

Em alguns momentos, “Maníaco do Parque” até relembra que o caso do serial killer tomou de assalto toda a mídia, de jornais e revistas a programas policiais e o Fantástico –quem se lembra de Gilberto Barros, o Leão, que vociferava na Record muito antes do Datena? Por isso, é preciso uma certa fé para crer que Elena consegue sozinha os principais furos do caso mesmo quando a Mundo já tinha uma equipe grande na cobertura.

Mas o problema maior é a sensação de que já vimos esse filme muitas vezes –no cinema, na TV e no streaming.

“Maníaco do Parque”

Estreia nesta sexta (18), no Prime Video

Foto de Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Foi repórter na Folha de S.Paulo e colunista do UOL. Uma vez que roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Mundo) e o TVZ (Multishow).



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