Galípolo diz que Selic pode ficar em nível alto por ‘mais tempo’ – Economia – CartaCapital

Prestes a assumir o comando do Banco Central, o economista Gabriel Galípolo disse nesta sexta-feira 29 que a taxa básica de juros deve continuar em patamar alto por mais tempo. Atualmente, o índice está em 11,25% ao ano. A declaração foi dada por Galípolo em um evento da Federação dos Bancos do Brasil (Febraban), em São Paulo.

Um dos motivos para o aperto monetário seria a desvalorização da moeda brasileira, segundo Galípolo. O evento em São Paulo, que também contou com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ocorreu dias após o anúncio de um pacote de medidas para equilibrar as contas federais e cumprir o arcabouço fiscal.

“Se você tem uma moeda mais desvalorizada, inclusive pela apreciação do dólar perante as demais moedas, e uma economia que está com o mercado de trabalho mais apertado e crescendo mais que se imaginava, parece lógico que, a partir disso, vai precisar ter uma taxa de juros mais contracionista por mais tempo”, justificou o futuro presidente do BC.

Ainda de acordo com Galípolo, a inflação do Brasil está acima do teto da meta – de 3% com tolerância de até 4,5%. As expectativas dos analistas para os anos futuros também estão “desancoradas” e a diretoria do Banco Central está bastante incomodada com o nível do IPCA, segundo relatou o sucessor de Roberto Campos Neto.

O economista ainda defendeu o pacote fiscal do governo Lula (PT) e afirmou que o chamado mercado financeiro ainda está “digerindo” os anúncios desta semana. As medidas levaram o dólar à marca de 6,10 reais em alguns momentos do pregão desta sexta.

Para Galípolo, contudo, as declarações dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), tem contribuído para conter a alta da moeda americana. Isso se dá, segundo ele, pela interpretação de que há disposição do governo e do Congresso em  aprovar rapidamente o pacote de contenção de gastos públicos.

“Hoje ou amanhã esse programa de contenção de gastos deve ser enviado. A partir daí, os agentes de mercado vão poder detalhar e se debruçar sobre eles para poder entender qual é o impacto efetivo”, avaliou.



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