Quem são os rebeldes que assumiram controle de Aleppo em meio a bombardeios russos


O grupo militante Hayat Tahrir al Sham mostrou vídeos das suas forças entrando na cidade, enquanto o governo lança bombardeios com o apoio da Rússia. Rebeldes, em veículos militares, lançaram uma ofensiva contra o governo da Síria
Reuters
As forças rebeldes na Síria assumiram o controlo da “maioria” do território de Aleppo, a segunda maior cidade do país, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR).
Segundo o SOHR, que opera a partir do Reino Unido, mais de 300 pessoas, incluindo mais de 20 civis, foram mortas desde o início da ofensiva na quarta-feira.
A operação é a maior contra o governo sírio em anos e marca a primeira vez que os rebeldes que combatem as forças do presidente Bashar al Assad chegam a Aleppo desde que foram expulsos pelo exército em 2016.
O ataque foi liderado pelo grupo militante islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS) — que tem uma longa e envolvente história no conflito sírio.
Em um comunicado, as forças militares leais a Assad afirmaram que as suas tropas se retiraram temporariamente de Aleppo “para preparar uma contra-ofensiva”.
O aeroporto da cidade e todas as estradas que levam a ele foram fechadas, informou a Reuters.
A Rússia, aliada de Assad, lançou ataques aéreos contra diferentes áreas da cidade durante a noite de sexta-feira e na primeira hora de sábado, disseram observadores.
Os rebeldes se opõem ao governo de Bashar al Assad, que está no poder desde o ano 2000
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O que é o Hayat Tahrir al-Sham (HTS)?
O HTS foi criado com um nome diferente, Jabhat al-Nusra, em 2011 como um afiliado direto da Al Qaeda.
O líder do autointitulado grupo Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, também estava envolvido em sua formação.
Foi considerado um dos grupos mais eficazes e mortais contra o presidente Assad.
Mas sua ideologia jihadista parecia ser sua força motriz em vez de zelo revolucionário — e isso foi visto na época como em desacordo com a principal coalizão rebelde sob a bandeira da Síria Livre.
Mas em 2016, o líder do grupo, Abu Mohammed al-Jawlani, rompeu publicamente com a Al Qaeda, dissolveu a Jabhat al-Nusra e criou uma nova organização, que assumiu o nome Hayat Tahrir al-Sham quando se fundiu com vários outros grupos semelhantes um ano depois.
Localização das forças rebeldes
BBC
Quem está no controle da Síria?
A guerra na Síria parece ter acabado efetivamente nos últimos quatro anos.
O governo do presidente Bashar al-Assad é essencialmente incontestado nas principais cidades do país, enquanto algumas outras partes da Síria permanecem fora de seu controle direto.
Isso inclui áreas de maioria curda no leste, que estão mais ou menos separadas do controle do estado sírio desde os primeiros anos do conflito.
Houve alguma agitação contínua, embora relativamente silenciosa, no sul, onde a revolução contra o governo de Assad começou em 2011.
No vasto deserto sírio, os resistentes do grupo que se autodenomina Estado Islâmico ainda representam uma ameaça à segurança, principalmente durante a temporada de caça às trufas, quando as pessoas vão para a área para encontrar a iguaria altamente lucrativa.
E no noroeste, a província de Idlib foi mantida por grupos jihadistas e rebeldes levados para lá no auge da guerra.
A força dominante em Idlib é a que lançou o ataque surpresa a Aleppo.
A aviação síria, apoiada pela Rússia, lançou vários ataques contra as forças insurgentes.
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Disputa amarga
Por vários anos, a província de Idlib permaneceu um campo de batalha enquanto as forças do governo sírio tentavam retomar o controle.
Mas um acordo de cessar-fogo em 2020 intermediado pela Rússia, que há muito tempo é a principal aliada de Assad, e pela Turquia, que apoiou os rebeldes, se manteve na maior parte do tempo.
Cerca de quatro milhões de pessoas vivem lá — a maioria delas deslocadas de vilas e cidades que as forças de Assad reconquistaram dos rebeldes em uma guerra brutal de atrito.
Aleppo foi um dos campos de batalha mais sangrentos e representou uma das maiores derrotas dos rebeldes.
Para alcançar a vitória, Assad contou com o poder aéreo russo e a ajuda militar iraniana em terra – principalmente por meio de milícias patrocinadas pelo Irã.
Entre elas estava o Hezbollah.
Não há dúvidas de que o revés sofrido recentemente pelo Hezbollah com a ofensiva de Israel no Líbano desempenhou um papel significativo na decisão de grupos jihadistas e rebeldes em Idlib de fazer seu movimento repentino e inesperado em Aleppo.
Os ataques israelenses contra comandantes militares iranianos na Síria também exerceram influência sobre essa decisão.
No sábado, o exército sírio admitiu ter perdido o controlo de grande parte da cidade de Aleppo.
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Já faz algum tempo que o HTS estabeleceu sua base de poder em Idlib, onde é a administração local de fato, embora seus esforços em direção à legitimidade tenham sido manchados por supostos abusos de direitos humanos.
O grupo também se envolveu em algumas lutas internas amargas com outras forças rebeldes.
Suas ambições além de Idlib se tornaram obscuras.
Desde que rompeu com a Al Qaeda, seu objetivo se limitou a tentar estabelecer um governo islâmico fundamentalista na Síria, em vez de um califado mais amplo, como o Estado Islâmico tentou fazer, mas falhou.
O grupo mostrou poucos sinais de tentar reacender o conflito sírio em grande escala e renovar seu desafio ao governo de Assad sobre grande parte do país. Ao menos até agora.



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