A velha sem vergonha aprendeu a vincular o botão da libertação e manifestar não – 15/10/2024 – Mirian Goldenberg
Depois de mais de 30 anos de pesquisas sobre “Envelhecimento, Autonomia e Felicidade”, resolvi ortografar o “Manifesto das Velhas Sem Vergonhas” uma vez que uma forma lúdica e libertária de combater a velhofobia que mora dentro de nós: os medos, preconceitos, inseguranças e vergonhas de envelhecer em uma cultura em que o corpo jovem é um verdadeiro capital.
No Dia Internacional da Mulher de 2023, lancei o manifesto no meu livro “A Arte de Gozar: paixão, sexo e tesão na maturidade”. Ele foi amplamente divulgado nas redes sociais e já foi assinado por milhares de mulheres.
Na semana passada, recebi a seguinte mensagem de uma querida amiga.
“Mirian, você viu que uma influenciadora falou sobre as ‘Velhas Sem Vergonhas’ e teve a face de pau de não mencionar que você é a autora do manifesto? Fiquei tão chocada que mandei um recadinho para ela: ‘Você não sabe que a antropóloga Mirian Goldenberg é a autora do ‘Manifesto das Velhas Sem Vergonhas?'”.
Ela estava muito indignada.
“Achei um contra-senso você ter sido copiada tão descaradamente. Mas essa não é a primeira vez que isso acontece. Lembra que, depois que o seu TEDx “A invenção de uma bela vetustez” viralizou no YouTube, ela fez uma palestra quase idêntica à sua sem mencionar Mirian Goldenberg uma única vez?”
Minha amiga, que também é antropóloga, me lembrou do noção de “imitação prestigiosa”: em toda e qualquer cultura, as pessoas imitam, consciente ou inconscientemente, quem tem sucesso, prestígio e poder.
“Você deveria se sentir orgulhosa de ser copiada, ou melhor, roubada por essa lacradora desesperada que chupa as ideias de pessoas mais criativas. Por que você não envia um recadinho para ela? ‘Fico muito feliz de saber que você faz secção das velhas sem vergonhas. Só não entendi por que você se esqueceu de mencionar que sou a autora do manifesto’. Se quiser dar um tapa com luva de pelica, pode reportar Coco Chanel: ‘Se você quer ser original, esteja pronta para ser copiada’. Ou, uma vez que diria Chacrinha, o Velho Guerreiro: ‘Zero se cria, tudo se copia’.”
Em vez de enviar o recadinho, preferi ser harmónico com o seguinte trecho do meu “Manifesto das Velhas Sem Vergonhas”.
“A velha sem vergonha está se divertindo com tudo o que conquistou com a maturidade: liberdade, felicidade, formosura, autonomia, alegria, paixão, amizade, sucesso, poder, coragem e muito mais.
A velha sem vergonha quer rir, divertir, gozar, dançar, trovar, viajar, curtir as amigas e os amores, cuidar da saúde, ter qualidade de vida e muito mais.
A velha sem vergonha descobriu que a felicidade não está no corpo perfeito, na família perfeita, no trabalho perfeito, na vida perfeita, mas na coragem de ser ela mesma.
A velha sem vergonha sabe que não deve não se confrontar a outras mulheres, porque cada mulher é única, privativo e incomparável.
A velha sem vergonha aprendeu a vincular o botão do foda-se para o que os outros pensam, e —talvez o mais importante de tudo— passou a ter a coragem de manifestar não.
Nós, velhas sem vergonhas, convocamos todas as mulheres que estão cansadas de tolerar com os próprios medos, preconceitos e inseguranças a se unirem ao nosso grito de guerra: “Velhas sem vergonhas unidas não serão vencidas. Fodam-se as rugas, as celulites e os quilos a mais!”
E também as imitadoras de plantão!
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