Presidente da Geórgia diz que não deixará cargo – 30/11/2024 – Mundo
A presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, disse neste sábado (30) que o Parlamento de seu país é ilegítimo e que não deixará o cargo ao fim do mandato, em dezembro. Zurabishvili contesta os resultados do pleito realizado no fim de outubro, no qual o partido Sonho Georgiano, alinhado à Rússia e de tendência autoritária, conquistou 54% dos votos.
“Não há parlamento legítimo e, portanto, um parlamento ilegítimo não pode eleger um novo presidente. Assim, nenhuma posse pode ocorrer, e meu mandato continua até que um parlamento legitimamente eleito seja formado”, disse ela em entrevista coletiva.
Crítica do Sonho Georgiano, Zurabishvili anunciou na semana passada que foi à Justiça contra o resultado das eleições, marcadas por episódios de violência, constrangimento e manipulação. A oposição afirma que houve fraude, corroborada em parte por observadores internacionais.
Ao mesmo tempo, milhares de manifestantes se reúnem na capital Tbilisi e em outras cidades do país. Os atos começaram após o primeiro-ministro Irakli Kobakhidze, do partido Sonho Georgiano, anunciar na quinta-feira (28) a interrupção das negociações de adesão à União Europeia pelos próximos quatro anos, contrariando um objetivo popular e de longa data da Geórgia.
Antes, Kobakhidze acusou os oponentes pró-adesão à UE, como Zurabishvili, de planejar uma revolução semelhante aos protestos de Maidan, na Ucrânia, em 2014, que derrubaram o então presidente pró-Rússia Viktor Ianukovich. “Na Geórgia, o cenário de Maidan não pode ser realizado. A Geórgia é um Estado, e o Estado, é claro, não permitirá isso.”
Funcionários dos ministérios das Relações Exteriores, da Defesa, da Justiça e da Educação do país do Cáucaso, junto com o Banco Central georgiano, assinaram cartas abertas condenando a decisão de congelar as negociações de entrada na União Europeia.
A interrupção do processo marca mais um capítulo da deterioração das relações entre o Sonho Georgiano, acusado de ser autoritário e pró-Moscou, e o Ocidente. A sigla é liderada pelo bilionário Bidzina Ivanishvili, um ex-primeiro-ministro que adotou posições cada vez mais antiocidentais na última campanha eleitoral.
Enquanto oponentes afirmam que o partido quer afastar a Geórgia da Europa e levá-la de volta à órbita da Rússia —da qual o país conquistou independência em 1991, com a dissolução da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas)—, a sigla diz que quer proteger o país de influências estrangeiras subversivas e de ser arrastado para uma guerra com a Rússia.
A UE, por outro lado, havia afirmado que a candidatura de adesão da Geórgia estava paralisada devido a preocupações com o declínio democrático.
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